E agora, José?: educação e transformação social.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2003

RESUMO

O mundo emergente no limiar do século XXI manifesta uma indiscutível hegemonia do neoliberalismo e revela, como cenário provável, a ampliação da desigualdade entre os homens e as nações. O fim do século passado parece ter enterrado, com a estrondosa queda do chamado Socialismo Real e o definhamento dos Estados de Bem Estar Social, as possibilidades de emergência de um processo de transformação social na direção de um mundo de justiça e igualdade. Neste mesmo cenário, constatamos a existência de um processo de deslegitimação dos Estados Nacionais e dos sistemas de valores e de poderes tradicionais, sejam eles institucionais ou ligados à sociedade civil, como os partidos e os sindicatos. No entanto, verificamos que esse vácuo de legitimidade para o exercício de funções centralizadas de governabilidade passa a ser ocupado por novas formas de ação e de poder local, que passam a exercer funções antes restritas aos canais institucionais. A comunidade, por meio de novos movimentos sociais, começa a ampliar sua participação na fiscalização, exercício e elaboração de políticas públicas, o que exige ampliação de sua capacidade de apropriar-se de informações, de refletir e de elaborar propostas de caráter social. Este trabalho procura discutir as possibilidades objetivas de que este novo processo de participação popular traga em si uma capacidade potencial, mas objetivamente possível, de transformação social para um mundo mais justo, isto é, que seja capaz de inserir-se na construção de um processo contra-hegemônico. Por outro lado, constatamos, no Brasil, uma ampliação do acesso à escola pública de ensino fundamental, uma escola que exercita novas orientações pedagógicas, avançando no sentido de buscar sua autonomia e exercer uma prática cidadã. Este trabalho pretende mostrar que esta nova escola pública detém a possibilidade de interagir, sob formas transformadoras, com estes novos movimentos sociais emergentes no seu entorno. Mais explicitamente, procuramos analisar as possibilidades de que esta escola possa vir a exercer um novo papel social, transformando-se em instrumento de sistematização de informações, realização de pesquisas e de reflexões intelectuais necessárias aos movimentos populares para realizar suas novas tarefas. Esta seria a forma possível de integração da escola, com sua especificidade de elaboração intelectual, na construção de um processo contrahegemônico.

ASSUNTO(S)

ditadura educacao transformação dictatorship transformation educação education

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