Doenças periodontais na gravidez : curso clínico e resposta ao tratamento

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

A associação entre o período gestacional e o periodonto vem sendo relatada tendo diferentes plausibilidades biológicas. O periodonto é reconhecido como tecido alvo para a ação dos hormônios que têm seus níveis elevados ao longo da gestação. Uma alta prevalência de alterações periodontais tem sido relatada nesse período. Estudos recentes têm questionado a influência do período gestacional em produzir alterações significativas no periodonto. Atualmente, uma possível associação entre a presença de doenças periodontais na gestação e desfechos obstétricos tais como, o nascimento de bebês prematuros e/ou com baixo peso tem sido relatada na literatura. Para o planejamento de políticas de saúde que visem o bem estar das gestantes, bem como almejem a realização de procedimentos preventivos e terapêuticos é necessário o conhecimento de como esse período influência os diferentes órgãos, assim como diferentes condições sistêmicas e comportamentais podem interferir no curso fisiológico da gestação. Avaliar as alterações periodontais associadas a períodos com diferentes concentrações hormonais, tais como durante a gestação e no período pós-parto, assim como comparar a eficácia da terapia periodontal realizada durante a gestação com os resultados obtidos quando a mesma é executada após o parto foram os objetivos dessa tese. Gestantes com até 20 semanas de gestação realizando pré-natal no Hospital Materno Infantil Presidente Vargas, foram convidadas a participar do estudo e randomizadas em dois grupos (teste e controle). Exames clínicos avaliando a presença de placa (IPI), inflamação gengival (IG), presença de fatores retentivos de placa (FRP), profundidade de sondagem (PS), nível clínico de inserção(NIC), sangramento à sondagem (SS) e volume de fluido crevicular gengival (FCG) foram realizados no início do estudo e repetidos entre a 26-28ª semanas de gestação, 30 dias após o parto e 30 dias após a realização do tratamento periodontal para as mulheres randomizadas para o grupo controle. Após o exame inicial, as mulheres do grupo controle receberam somente 1 consulta de tratamento odontológico (padrão no hospital), tendo sido o tratamento completo realizado 30 dias após o parto. As mulheres pertencentes ao grupo teste receberam tratamento clínico e periodontal durante a gestação e foram examinadas nos mesmos momentos até 30 dias após o parto. Para as mulheres pertencentes ao grupo controle, alterações nos níveis de placa não foram observadas durante a gestação e 30 dias após o parto. Durante esse período observacional alterações estatisticamente significantes foram observadas para o IG, PS, NIC e SS. Profundidade de sondagem e SS tiveram comportamentos semelhantes, suas estimativas aumentaram durante a gestação(PS de 2.51 para 2.57mm) e (SS de 50.36 para 54.19%) e foram reduzidas após o parto (PS 2.52mm e SS 50.40%). O tratamento periodontal realizado nos dois períodos experimentais foi eficaz em restabelecer a saúde do periodonto. O percentual médio de SS após o tratamento no grupo teste foi de 11.10±7.84e no grupo controle de 8.07±5.21. Houve reduções estatisticamente significantes no IPI, IG, PS, SS e FCG nos dois grupos experimentais. Alterações no NIC não foram observadas. Entre os grupos as alterações clínicas observadas não foram estatisticamente significantes, com exceção no percentual médio de redução de SS em sítios que tinham inicialmente PS>=4mm. Pode ser concluído que durante o período gestacional alterações nos parâmetros inflamatórios relacionados ao periodonto foram observados no grupo controle. O significado clínico deve ser avaliado criticamente. A eficácia da terapia periodontal pode ser obtida de maneira similar quando o tratamento foi realizado durante a gestação ou no período pós-parto.

ASSUNTO(S)

periodontia : doencas : tratamento periodontal therapy odontologia : na gravidez pregnancy randomized controlled trial longitudinal studies

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