Diversidade molecular em espécies de trairões de complexo Hoplias lacerdae (Teleostei: Erythrinidae) / Molecular diversity in the giant trahira of the Hoplias lacerdae complex (Teleostei: Erythrinidae)

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

O trairão é um caraciforme do complexo Hoplias lacerdae e é conhecido pelo seu potencial para piscicultura. Por esse motivo, esta espécie foi introduzida em diversas bacias hidrográficas no Brasil por órgãos governamentais e por particulares. Considerando que a introdução de espécies exóticas é reconhecida como a segunda maior causa de extinção de espécies do mundo e que a introdução de espécies de piscicultura pode ser uma ameaça às populações naturais à introgressão e hibridação do genoma selvagem, buscou-se estudar a diversidade molecular de populações do grupo Hoplias lacerdae no sudeste e no sul do Brasil. Setenta espécimes coletados em 16 localidades provenientes de 8 bacias tiveram seu gene adenosina trifosfato (ATPase 6) do DNA mitocondrial sequenciado. O fragmento obtido foi de 688 bases e apresentou 118 sítios filogeneticamente informativos para a análise de máxima parcimônia. Utilizando o Modeltest, o modelo de evolução molecular que mais se ajustou aos dados foi GTR+I+G. Todas as análises realizadas resultaram na mesma topologia, com a identificação de 2 haplogrupos (haplogrupos I e II), com forte apoio estatístico. O haplogrupo I foi formado por dois subgrupos, o haplogrupo IA (amostras do Atlântico Leste, São Francisco e Paraná Superior) e o haplogrupo IB (2 amostras do Paraná Superior). O haplogrupo IA incluiu as espécies H. intermedius e H. brasiliensis, enquanto o haplogrupo IB foi composto apenas por espécimes de H. intermedius, sugerindo uma relação de parafilia entre as duas espécies. O haplogrupo II apresentou as espécies Hoplias australis (haplogrupo IIA) e Hoplias lacerdae (haplogrupo IIB). O haplogrupo IIA incluiu espécimes restritos à bacia do alto Uruguai. O haplogrupo IIB apresentou maior distribuição, incluindo indivíduos da bacia do Alto Uruguai, do Paraná Superior (Mogi-Guaçú) e do rio Santo Antônio (rio Doce). O haplogrupo I apresentou variação interna aproximadamente 4 vezes menor que a variação interna do haplogrupo II. Este baixo grau de variação genética pode ser reflexo da introdução do trairão realizada desde a década de 80 no Estado de Minas Gerais. Com base nos dados, conclui-se que o status taxonômico de H. brasiliensis e H. intermedius deve ser reavaliado, além de salientar a necessidade de um estudo mais detalhado da composição genética dos estoques de piscicultura, os quais podem incluir material genético de H. lacerdae.

ASSUNTO(S)

peixes neotropicais hoplias lacerdae conservação espécies exóticas introdução de peixes neotropicais genetica neotropical fish hoplias lacerdae conservation exotic species introduction of neotropical fishes

Documentos Relacionados