Diversidade florística e atributos pedológicos ao longo de uma encosta com Floresta Estacional Semidecidual Submontana, Zona de Amortecimento do Parque Estadual do Rio Doce, MG / Floristic diversity and attributes soil along a slope with Seasonal Forest Semideciduous Submontana, Amortecimento Zone of the State Park do Rio Doce, Brazil

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Nas últimas décadas, houve considerável avanço nos estudos de comunidades florestais, principalmente por causa de sua importância para a conservação da diversidade biológica. Essa importância se torna cada dia mais acentuada devido ao processo desordenado de ocupação do solo que, nas mais diversas regiões do país, tem transformado formações florestais contínuas em fragmentos. Os objetivos desse estudo foram determinar a composição florística e a estrutura fitossociológica da vegetação arbórea de uma área de Floresta Estacional Semidecidual Submontana, para descrição de um modelo explícito sensu MARGOULIS e SALAFSKY (1998) do processo de manejo adaptável, destacando espécies vegetais ameaçadas de extinção, baixo risco de extinção, raras e vulneráveis, além de classificar as espécies nos respectivos grupos ecológicos da sere sucessional. Assim obetivou-se também analisar se a taxa de imigração de diásporos na Rampa baixa é maior que na encosta, além de investigar se as espécies arbóreas da Mata do Mumbaça são influenciadas por variáveis geomorfológicas e edáficas e, dessa forma, subsídios à recuperação de áreas degradadas em condições ambientais similares as da área de estudo. Foram demarcadas 120 parcelas contíguas de 10 x 10 m, correspondendo a uma área amostral total de 12.000 m, ou seja, 1,20 ha distribuídas de modo a contemplar as unidades topográficas (Rampa baixa, Baixa encosta côncava, Alta encosta côncava e Topo). Quatro faixas compostas de 30 parcelas contíguas foram lançadas ao longo da encosta. Dessa forma, as parcelas 1 a 30 foram instaladas na Rampa baixa, 31 a 60 na Baixa encosta côncava, 61 a 90 na Alta encosta côncava e 91 a 120 no Topo. Foram considerados todos os indivíduos com circunferência a 1,30m do solo (CAP) maior ou igual a 10 cm. Foi realizado um levantamento detalhado de solos na área, com a abertura de 12 perfis, sendo três em cada faixa (Rampa baixa, Baixa encosta côncava, Alta encosta côncava e Topo) e coleta de solos superficiais de 32 amostras compostas sendo 16 de 0-10 cm e 16 de 10-20 cm, em seguida foi realizada uma caracterização química e granulométrica de cada horizonte e amostra. A análise do número de espécies de cada grupo ecológico indicou que a mata do mumbaça pode ser classificada em estádio médio de sucessão secundária, em franco desenvolvimento para a fase madura. O processo de fragmentação pelo qual passou o estado de Minas Gerais e a contínua degradação a que estão submetidos os remanescentes de Florestas Estacionais já justificariam a proteção do fragmento em questão. Além disto, a riqueza encontrada, a existência de uma espécie considerada rara na região Brosimum glaziovii e a presença das espécies como Astronium fraxinifolium, Guatteria villosissima, Ocotea odorifera, Urbanodendron verrucosum, Dalbergia nigra, Inga leptantha, Campomanesia laurifolia, Xylopia sericea, Helicostylis tomentosa, Phyllostemonodaphne geminiflora, Couepia schottii, Cassia ferruginea e Parinari brasiliensis listadas como vulneráveis, ameaçadas de extinção e baixo risco de extinção a nível global, Brasil e no Estado de Minas Gerais, demonstram a importância deste fragmento florestal para a manutenção da riqueza florística da região. O componente arbóreo da Floresta Estacional Semidecidual Mata do Mumbaça numa Toposequência da Zona de Amortecimento do Parque Estadual do Rio Doce mostrou relação da composição e estrutura dessa floresta com a topografia, sendo um atributo com poder descritos do sistema, fundamental na elaboração de um sistema explícito sensu (SALAFSKY, 2001) das florestas no terreno ondulado a fortemente ondulado da Zona de Amortecimento do PERD. Supõe-se que a distribuição das espécies ao longo do gradiente geomorfológico esteja correlacionada com as variações da fertilidade química, acidez e textura do solo. Pera leandri, Astronium fraxinifolium, Pouteria torta, Machaerium brasiliense, Myrcia rufipes, Swartzia apetala e Lecythis lurida apresentaram suas distribuições correlacionadas aos teores elevados de alumínio e baixa fertilidade do solo, podendo ser indicadas para restauração de áreas degradadas em encostas e topos de morros em regiões com condições ambientais semelhantes as da área estudada. Pouteria venosa, Apuleia leiocarpa e Acacia polyphylla tiveram suas distribuições correlacionadas com solo menos ácido e mais fértil, do ambiente Rampa baixa, apresentando potencial para restauração de áreas similares. Foi comprovado nesse estudo que a taxa de imigração de diásporos esta nitidamente correlacionado com a topografia, pois vimos que quanto maior a declividade, maior foi a perda de diásporos, isso porque a gravidade e as fortes chuvas tropicais carreiam eventualmente diásporos imigrantes para as baixadas. Consequentemente as faixas menos declivosas (Rampa baixa e Topo) tiveram maiores diversidades e baixa dominância, consequentemente os menores valores de diversidade foram encontrados nas faixas Baixa encosta côncava e Alta encosta côncava, entretanto, todas as faixas mostram uma estabilização assintótica. A Rampa baixa apresentou maior riqueza e maior eqüabilidade. Baixa encosta e Alta encosta apresentaram menor riqueza e menor eqüabilidade. O Topo apresentou uma espécie a menos e maior eqüabilidade que as encostas. Vale ressaltar que a maior diversidade encontrada nas faixas topográficas foi onde houve baixa dominância. A curva de rarefação mostrou que as relações espécie área nas diferentes faixas topográficas são muito parecidas, sem nenhuma diferença significativa, o que é esperado numa mesma comunidade vegetal, porém todas as faixas tendem a uma estabilização.

ASSUNTO(S)

zona de amortecimento do parque estadual do rio doce geomorphological gradient diversidade alfa e beta gradiente geológico floresta estacional semidecidual submontana seasonal forest semideciduous submontana botanica floristic diversity amortecimento zone of the state park do rio doce

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