Diversidade e resistência do HIV-1 em gestantes soropositivas provenientes das regiões Sul e Sudeste do Brasil. / Diversity and resistance of the HIV in seropositive pregnant proceeding from the regions South and Southeastern of Brazil

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

O primeiro caso reportado de transmissão vertical do HIV-1 no Brasil ocorreu em São Paulo em 1985, e apesar da disponibilização de medidas preventivas nos últimos anos, o controle efetivo da transmissão vertical continua sendo uma das prioridades da pesquisa e da intervenção em saúde pública.Neste estudo avaliamos os níveis de carga viral plasmática, o subtipo genético, e a presença de variantes resistentes aos anti-retrovirais, assim como a contagem de linfócitos T CD4+ em uma população de gestantes diagnosticadas como soropositivas para o HIV-1 no momento do parto e discutimos a influência destes parâmetros na transmissão vertical do HIV.Amostras biológicas de 148 gestantes provenientes das regiões Sul (Porto Alegre; n=98) e Sudeste (Rio de Janeiro; n=50) do Brasil, colhidas entre Março de 2000 e Agosto de 2002, foram testadas quanto à carga viral plasmática (NASBA) e os níveis de CD4 (citometria de fluxo). A caracterização molecular do HIV-1 foi feita por HMAenv e por sequenciamento de nucleotídeos das regiões env e pol, visando à determinação do subtipo viral (env/pol), assim como a análise da resistência aos antiretrovirais (pol). Os bebês foram diagnosticados para a infecção pelo HIV por PCR DNA (Roche) e confirmados pela quantificação da carga viral plasmática (NASBA).Considerando os resultados de subtipagem viral com base nas regiões gênicas env e pol verificamos que 42 das 50 amostras analisadas do Rio de Janeiro, 36 (86%) apresentaram o perfil Bpol/Benv, 4 (10%) Fpol/Fenv e 2 (4%) FPR/BRT/Benv. Quando analisamos as 70 das 98 amostras da região Sul, verificamos que 15 (22%) apresentaram o perfil Bpol/Benv, 43 (63%) o perfil Cpol/Cenv e apenas uma amostra (1%) o perfil Fpol/Fenv. Observamos, ainda, perfis pol/env discordantes, sugestivos de genomas recombinantes como: Cpol/Benv em 4 (6%) amostras, Bpol/Cenv em 3 (4%), Fpol/Cenv em 1 (1%), BPR/CRT/Cenv em 1 (1%) e FPR/BRT/Cenv em 1 amostra (1%). Observamos, ainda, um caso sugestivo de infecção dupla Bpol/B-Cenv. A presença de resistência primária aos inibidores da protease foi verificada em 4 (3,5%) gestantes. Mutações acessórias como a M36I, L63P e V77I foram também encontradas. Em relação aos inibidores da transcriptase reversa tivemos uma prevalência de 5,2% (6 amostras). A ocorrência da transmissão vertical do HIV-1 foi observada em, pelo menos, 17 gestantes incluídas no estudo, sendo 6 do RJ e 11 de PoA. Não encontramos nenhuma associação quando comparamos os dados de CD4+, carga viral e subtipo viral entre as mães transmissoras e as não-transmissoras, como também não houve transmissão de variantes resistentes aos anti-retrovirais.A presença de resistência primária nesta população de gestantes virgens de tratamento indica a ocorrência da transmissão de variantes resistentes aos anti-retrovirais em nosso meio, o que representa uma preocupação para as políticas públicas de tratamento do HIV/AIDS no Brasil.

ASSUNTO(S)

transmissão vertical da doença hiv hiv microbiologia disease transmission, vertical

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