Discursos sobre o mundo dos engenhos: uma leitura das obras de Antonil e Mário Sette

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

O mundo do engenho no Brasil tem, desde o período da conquista e da colonização, se constituído como tema privilegiado dos discursos europeus, a exemplo das crônicas quinhentistas, de viajantes e colonizadores, além das inúmeras menções contidas nas Cartas jesuíticas, especialmente as de José de Anchieta e as de Manuel da Nóbrega, alcançando, em 1711, uma enorme visibilidade com a obra Cultura e opulência do Brasil, do Pe. Antonil. Presente nos mais variados discursos da fase colonial, a tematização da empresa lusitana do açúcar, no Brasil, perpassaria os textos dos períodos que sucedem a nossa autonomia, garantindo sua freqüentação tanto no discurso literário, quanto no discurso ensaístico e sociológico. Nos inícios do século XX, essa temática seria retomada, como centralidade, pelo pernambucano Mário Sette, com a obra Senhora de engenho. A publicação desse discurso romanesco, em 1921, tornaria Mário Sette o precursor do Modernismo no Nordeste e do Regionalismo nordestino do século XX e, consequentemente, num antecipador dos discursos ensaísticos de Gilberto Freyre e das narrativas romanescas de José Américo de Almeida e de José Lins do Rego, ícones literários do Modernismo nordestino. Longe de arrefecer, como motivação discursiva, a sociedade do açúcar seria novamente retomada, como discursividade romanesca, em fins do século XX, com a publicação da obra, Coivara da memória, de Francisco Dantas, publicada em 1991. Cientes da importância do universo açucareiro em nossos mais diversos discursos culturais, empreenderemos uma leitura comparativa entre as obras Cultura e opulência do Brasil, do Pe. Antonil, e Senhora de engenho, de Mário Sette, buscando observar os traços representativos que informam e enformam esses discursos sobre o mundo do engenho no Brasil. Para a realização de nosso propósito, nos valeremos de uma abordagem teórico-metodológica interdisciplinar, mais precisamente dos pressupostos da Crítica Integral, esboçada pelo crítico brasileiro Antonio Candido, desde os inícios da segunda metade do século passado.

ASSUNTO(S)

linguistica linguística análise do discurso

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