Discriminação e preconceito: identidade, cotidiano e religiosidade de travestis e transexuais

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Esta dissertação parte de uma breve revisão bibliográfica acerca da relação entre psicologia e senso religioso, da conceituação bibliográfica sobre travestis e transexuais em diversas áreas do conhecimento, bem como de estudos referentes a saúde e religiosidade de grupos homossexuais no país. Com o objetivo de investigar a manifestação da dimensão religiosa no cotidiano de travestis e transexuais no Distrito Federal (DF), contou-se com a colaboração de 06 travestis e 03 transexuais. Trata-se de pessoas de genitália masculina, que se travestem com roupas e acessórios femininos, além de realizarem transformações corporais com o intuito de aparentarem ser mulheres ou por perceberem-se existencialmente do gênero feminino. Utilizou-se o método de estudo descritivo e de caráter exploratório, com base no construtivismo social, configurando-se em uma abordagem metodológica qualitativa, por meio do desenvolvimento de entrevistas individuais, pela aplicação de um roteiro semiestruturado, e da observação participante em áreas de lazer e pontos de prostituição no Plano Piloto e em Taguatinga (DF). Os relatos das participantes foram registrados por meio de um gravador, sendo que todo conteúdo das fitas foi transcrito para análise e sistematizado por meio de leitura flutuante, com base na teoria da construção das zonas de sentido, as quais revelaram parte das configurações sociais deste público. Os resultados, com seus respectivos indicadores, apontaram eixos de discussões voltados à dinâmica da identidade de gênero, ao cotidiano e à religiosidade. Estes resultados estão marcados por uma última zona de sentido, a qual perpassa todas as outras por referir-se ao meio de enfrentamento do preconceito e da discriminação presentes nas vivências diárias das participantes. As considerações finais afirmam sobre as limitações acadêmico-científicas e religiosas na classificação de travestis e transexuais e com finalidades apenas interventivas. Há também dificuldades no uso das nomenclaturas entre as próprias participantes, por apontar um fenômeno que é fluido, marcado pelo preconceito e pela discriminação das suas respectivas condições humanas. Os relatos apontam para uma sociedade e um cotidiano excludente que interferem no desenvolvimento das participantes, influenciando na construção e na formação da própria identidade e religiosidade. Além disso, também apontam para o fato de que, salvo as diferenças de aceitação social entre travestis e transexuais, o cotidiano e a religiosidade acabam sendo melhor experienciados entre aquelas que melhor se adaptam ou desejam corresponder aos padrões heterossexuais e heteroafetivos hegemônicos, minimizando situações de preconceitos e discriminações, aumentando a aceitação social das mesmas.

ASSUNTO(S)

discriminação psicologia psychology travesti transexual psicologia transsexual transvestite religiosidade religiosity discrimination

Documentos Relacionados