Diferentes aspectos clínicos do uso do sistema intrauterino liberador de levonorgestrel / Different clinical aspects of the use of the levonorgestrel releasing intrauterine system

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

04/04/2012

RESUMO

Introdução: O sistema intrauterino liberador de levonorgestrel (SIU-LNG) é um contraceptivo altamente efetivo com benefícios não contraceptivos, entre eles o tratamento da menorragia. Restam dúvidas sobre o uso do SIU-LNG em mulheres nuligestas, especialmente no tocante à taxa de expulsão e o custo-beneficio para o tratamento da menorragia quando se compara com tratamentos cirúrgicos. Os objetivos deste estudo foram avaliar a facilidade de inserção e o desempenho clínico do SIU-LNG em mulheres nuligestas durante um ano de seguimento; verificar a correlação entre o comprimento da cavidade uterina e as taxas de expulsão em usuárias de dispositivo intrauterino com cobre (DIU TCu380A) e de SIU-LNG, e avaliar os recursos e procedimentos envolvidos na inserção do SIU-LNG quando comparado à realização da histerectomia em mulheres com menorragia atendidas em um hospital público do Brasil. Métodos: Foi feito o seguimento de duas coortes de mulheres que inseriram o SIU-LNG no mesmo dia, 159 nuligestas e 477 mulheres com filhos, pareadas na razão1:3. A inserção foi classificada em fácil ou difícil, e quando foi difícil avaliou-se o uso de velas de Hegar ou misoprostol, e as falhas de inserção foram registradas separadamente. O segundo estudo admitiu 235 mulheres nuligestas e mulheres com filhos que inseriram o DIU TCu380A ou o SIU-LNG, com o seguimento de um ano. O comprimento da cavidade uterina foi medido por histerometria e por ultrassom, e a taxa de expulsão foi correlacionada com o tamanho uterino. O terceiro estudo teve duas coortes de mulheres com menorragia, mulheres que inseriram o SIU-LNG (n=124) pareadas com mulheres que realizaram uma histerectomia (n=122). Avaliamos o número de procedimentos realizados em cada grupo antes de escolherem o tratamento, os que foram realizados para a inserção do SIU-LNG e/ou histerectomia, e os procedimentos decorrentes das complicações registradas após um ano de seguimento. Resultados: Em quase 80% dos casos não foi encontrada dificuldade na inserção do SIU-LNG e o uso de dilatadores e misoprostol não foi frequente; entretanto, o uso de dilatadores foi três vezes maior no grupo das nuligestas. Houve uma falha da inserção no grupo de nuligestas e duas no grupo de mulheres com filhos. Não houve uma única gravidez, a taxa de expulsão foi de aproximadamente 4/100 mulheres/ano e a taxa de continuação do método foi superior a 90%, em ambos os grupos, após um ano de seguimento. A medida do comprimento da cavidade uterina foi menor que 3,2cm em 2 usuárias e de pelo menos 3,2cm de comprimento em 87 usuárias de SIU-LNG, com taxas de expulsão de 0 (0,0%) e 2 (2,3%), respectivamente (p>0,999). A média de comprimento da cavidade uterina foi de 3,9cm ± 0,3cm por ultrassom entre as 10 mulheres que expulsaram o dispositivo, comparada com a média de comprimento de 3,9 ± 0,0cm naquelas que não expulsaram o dispositivo (p=0,799). No terceiro estudo, a idade e duração da menorragia foram significativamente menores no grupo de usuárias de SIU-LNG do que no grupo de mulheres que realizaram histerectomia. Os números de consultas ginecológicas e de coleta de citologia oncológica foram levemente maiores no grupo do SIU-LNG, mas as mulheres que realizaram histerectomia realizaram testes mais complexos, como exames de laboratório, ultrassom, radiografia de tórax e eletrocardiograma. No grupo da histerectomia as principais complicações foram: hemorragia (6), perfuração de bexiga/intestino (4), complicações anestésicas (1), reimplantação ureteral (1) e dor abdominal (2). Aos 12 meses de seguimento, a menorragia foi controlada em 83,1% das mulheres no grupo do SIU-LNG e 106 mulheres continuaram usando o dispositivo. Conclusões: O SIU-LNG mostrou-se um método seguro para uso em mulheres nuligestas. A inserção é um procedimento simples e o desempenho clínico foi bom em mulheres com e sem filhos. O comprimento da cavidade uterina não foi associado a maior risco de expulsão do SIU-LNG. Ambos os tratamentos, SIU-LNG e histerectomia, foram efetivos para controlar a menorragia. O grupo de usuárias de SIU-LNG usou menos recursos e teve menos complicações que o grupo da histerectomia. O SIU-LNG mostrou-se um bom método para reduzir o número de histerectomias e de recursos usados no tratamento de mulheres com menorragia.

ASSUNTO(S)

inserção menorragia histerectomia paridade insertion heavy menstrual bleeding hysterectomy parity

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