Diferenças entre grupo genético e regime alimentar sobre características qualitativas da carcaça e da carne e composição corporal de bovinos de corte / Influence of the alimentary regime on qualitative characteristics of the carcass and of the meat and corporal composition of beef cattle of different genetics groups

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

O setor produtivo de carne deve implementar tecnologias que produzam animais mais jovens, com características raciais que promovam carne de qualidade. A manipulação da dieta e o uso de cruzamento industrial são tecnologias de fácil acesso ao produtor. Foram utilizados 60 bovinos castrados de 18 meses, sendo 20 Nelore (NE), F1 Simental x Nelore , F1 Angus x Nelore com peso médio de 265,66,4 kg, 325,34,7 kg e 324,66,0 kg, respectivamente. O experimento foi em delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial 3 x 3, sendo 3 grupos genéticos (Nelore, F1 Simental x Nelore, F1 Angus x Nelore) e três regimes alimentares (alimentação ao nível de mantença e ad libitum com 1% e 2% do peso corporal (PC) em concentrado na matéria natural da dieta),compondo, portanto, 9 tratamentos ( 6 repetições em cada grupo genético nos níveis de alimentação ad libitum (1% e 2%) e quatro repetições para o nível de alimentação restrito). Após período de adaptação inicial, os animais designados a receber 2% do PC em concentrado passaram uma semana recebendo 1,5% do PC em concentrado e mais uma semana recebendo 2% do PC em concentrado para adaptação à dieta. Os animais designados a receber 1% do PC em concentrado e o tratamento em mantença iniciaram sua dieta imediatamente após a adaptação inicial. Ao término dessa segunda semana, chamada de segunda adaptação, todos os animais foram pesados, em jejum de 16 horas, para início do primeiro período experimental. Os animais em regime de mantença receberam a mesma dieta fornecida para os animais alimentados com 1 % do PC em concentrado, na quantidade equivalente a 1 % do PC. O volumoso foi fornecido à vontade, sendo constituído de silagem de milho. O concentrado, em quantidade restrita, foi formulado à base de milho moído, farelo de soja, caroço de algodão, casca de soja, uréia/sulfato de amônio (9:1), bicarbonato de sódio, óxido de magnésio, sal comum e premix mineral. Os concentrados foram formulados para que a mesma ração fosse ofertada a ambos tratamentos, mudando apenas a relação milho/uréia+sulfato de amônia permitindo que as dietas se mantivessem isoprotéicas (12,5 % de PB na MS). Os animais foram mantidos em baias individuais, com piso, comedouro e bebedouro de concreto, com área total de 30 m2, dos quais 8 m2 de área coberta com telhas de amianto. O experimento teve duração total de 136 dias, sendo 30 dias de adaptação às condições experimentais, 14 dias de adaptação à dieta (2 adaptação) e 84 dias de período experimental. Foram realizadas pesagens intermediárias, em jejum de 16 horas, aos 28 dias e 56 dias de desempenho. Após o período de avaliação do desempenho, iniciou-se o abate dos animais. Assim, avaliou-se o efeito de grupo genético e regime alimentar sobre características quantitativas, qualitativas, composição física e química do ganho, da carcaça e do corpo vazio e padrão de deposição de tecidos. Animais alimentados com maior nível de concentrado tiveram maior (P<0,05) peso de carcaça fria (PCF), rendimento de carcaça fria (RCF) e área de olho de lombo/100 Kg de carcaça fria (AOL/100 kg) em relação ao menor nível de concentrado. Exceto para o corte da alcatra, não houve diferença (P>0,05) na alimentação ad libitum para o rendimento de cortes. Animais cruzados apresentaram maior (P<0,05) PCF que animais NE. Os animais NA tiveram maior (P<0,05) espessura de gordura subcutânea (EGS) e menor AOL/100 kg em relação aos animais NS. O rendimento de cortes não foi influenciado (P>0,05) pelo grupo genético, exceto pelo corte da paleta que teve menor (P<0,05) rendimento nos animais cruzados. O pH final não foi influenciado (P<0,05) pelos tratamentos e ficou dentro dos padrões adequados para exportação, abaixo de 6,0. As medidas de AOL e EGS tomadas ao longo do desenvolvimento dos animais detectaram o estágio de crescimento em que eles se encontravam. Animais cruzados e alimentados com maior nível de concentrado possuem carcaças com características mais adequadas às exigências do mercado importador, de uma forma geral. Animais em mantença apresentaram maior (P<0,05) proporção de ossos e músculo na carcaça e animais NE tiveram maior proporção de músculo e menor (P<0,05) proporção de tecido adiposo total na carcaça que animais cruzados. Animais NE e em mantença apresentam menor (P<0,05) quantidade de gordura total que animais cruzados e alimentados ad libitum, respectivamente. A gordura foi depositada em maior proporção no tecido adiposo intermuscular, seguido do tecido adiposo de mesentério. A taxa de deposição de tecidos na carcaça foi menor nos animais NE e alimentados com 1% de concentrado (exceto para tecido adiposo subcutâneo), em relação aos animais cruzados e alimentados com 2% de concentrado, respectivamente. A taxa de deposição de gordura no tecido adiposo de mesentério foi maior (P<0,05) nos animais NA e alimentados com 2% de concentrado em relação aos NS e animais alimentados com 1% de concentrado, respectivamente. Animais NS e NA apresentaram carne mais macia que os animais NE. A carne de animais alimentados com 1% e 2% de concentrado perdeu mais água (P<0,05) que a carne dos animais em mantença durante o descongelamento e nas perdas totais. Durante a cocção, houve diferença (P<0,05) nas perdas por gotejamento para todos os regimes, sendo as perdas maiores nessa ordem: 1% de concentrado, 2% de concentrado e mantença. O grupo genético NE apresentou maior proporção de fibras intermediárias (P<0,05) e menor proporção de fibras oxidativas (P<0,05), o contrário foi observado para os animais cruzados. Houve diferença (P<0,05), na proporção de fibras separadas de acordo com características contráteis, dentro de grupo genético. Os animais NE tiveram maior proporção de fibras de contração rápida e menor proporção de fibras de contração lenta (P<0,05) em relação aos animais cruzados. Animais cruzados possuem carne mais macia que os animais NE; no entanto, todas estavam dentro do padrão para a carne ser considerada macia. Animais em restrição perderam menos água que animais alimentados ad libitum e os animais NE perderam mais água em relação aos animais cruzados.

ASSUNTO(S)

dietas de alta energia maciez cruzamento producao animal high energy diets softness crossing

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