Dieta e avaliação da contaminação mercurial no jacaré-depapo- amarelo, Caiman latirostris, Daudin 1802, (Crocoddylia, Alligatoridae) em dois parques naturais no município do Rio de Janeiro, Brasil

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

O sistema lacustre da Zona Oeste do município do Rio de Janeiro, que compreende como Unidades de Conservação os Parques Naturais Municipais Chico Mendes (PNMCM) e Marapendi (PNMM), apresenta ocorrência do jacaré-de-papo-amarelo, Caiman latirostris. As áreas estudadas são um dos últimos refúgios onde ainda encontram-se populações remanescentes de C. latirostris. Foram realizados dez dias de capturas no período de um ano, de junho 2006 a maio de 2007. O jacaré-de-papo-amarelo apresenta grande variação na dieta relacionada a heterogeneidade ambiental em que pode ser encontrado. Os Parques estudados, apresentam ambientes distintos e interligados pelo Canal das Tachas. A dieta dos jacarés nas lagoas e no Canal das Tachas foi dividida em relação ao tamanho das classes de jacarés. Foi observado que os jacarés da lagoinha das Tachas no PNMCM, apresentam uma dieta mais pobre, composta predominantemente de hexápodas associados a ambientes poluídos, diferente dos jacarés encontrados na lagoa Marapendi que apresentam uma dieta mais diversa entre vertebrados e invertebrados, com predominância de peixes e crustáceos. Muitos dos animais estudados que residem no Canal das Tachas, são alimentados por moradores locais. C. latirostris não apresentou preferência por determinados tipos de presas, se alimentando de toda e qualquer presa disponível no ambiente, e nem especialidade de captura por qualquer tipo de presa. Este resultado sugere que, os itens-presa encontrados no conteúdo estomacal do jacaré-de-papo-amarelo podem ser o reflexo da diversidade de presas disponíveis no ambiente, o que indica uma grande capacidade adaptativa do animal a ambientes diversos. Devido a sua longevidade, jacarés e crocodilos estão sujeitos às modificações ambientais naturais e exposição às alterações antrópicas no ambiente. O mercúrio é considerado um elemento traço comum em ambientes lacustres, alagados e reservatórios, sendo de fácil acumulação no organismo e pode se disponibilizar na cadeia trófica devido a fatores ambientais. As taxas de mercúrio encontradas no sangue da espécie foram relativamente altas devido ao favorecimento da metilação mercurial por plantas aquáticas. A acumulação de mercúrio no músculo de C. latirostris se deve ao histórico alimentar e/ou contato prévio destes com presas previamente contaminadas, tendo sido maior na lagoinha das Tachas. Considerado um predador topo-de-cadeia, assim como os demais crocodilianos, e uma espécie-chave para os ambientes onde se inserem, pode ser utilizado como bioindicador de qualidade ambiental

ASSUNTO(S)

crocodilianos dieta contaminação metal pesado mercúrio crocodilians conservations diet toxic metal mercury comportamento animal conservação

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