Didelphimorphia, chiroptera e rodentia (mammalia) do holoceno do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil : aspectos taxonômicos, paleoambientais e paleoclimáticos

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Nas últimas décadas os estudos sobre mamíferos fósseis do Brasil aumentaram significativamente, mas ainda assim pouco se conhece sobre o registro daqueles de pequeno porte (Didelphimorphia, Chiroptera e Rodentia, Hystricognathi). Apesar destes serem registrados para onze estados brasileiros, as ocorrências são muito pontuais e fragmentárias, exceto pela fauna de Lagoa Santa, Estado de Minas Gerais. Estudou-se os mamíferos de pequeno porte de dois sítios arqueológicos com datações que abrangem desde o Holoceno inicial (± 9.400 anos AP) até o Holoceno final (± 3.700 anos AP). Os sítios localizam-se na porção nordeste do estado, nos Municípios de Montenegro e Santo Antônio da Patrulha, no limite entre duas sub-regiões biogeográficas neotropicais, a Chaquenha e a Paranaense. Além da taxonomia, também estudou-se aspectos paleoclimáticos e paleoambientais para as duas áreas. Registrou-se 24 táxons de mamíferos de pequeno porte, sendo eles: Gracilinanus agilis, G. microtarsus, Monodelphis americana, Thylamys velutinus, Thylamys cf. T. velutinus, Didelphis sp., Philander opossum (Didelphidae), Chrotopterus auritus, Pygoderma bilabiatum (Phyllostomidae), Eptesicus brasiliensis, Eptesicus fuscus, Myotis cf. Myotis ruber, Vespertilionidae aff. Lasiurus (Vespertilionidae); Tadarida brasiliensis, Molossus molossus (Molossidae), Cavia sp., C. aperea, C. magna (Caviidae), Ctenomys sp. (Ctenomyidae), Myocastor coypus (Myocastoridae), Phyllomys sp., Euryzygomatomys mordax, Dicolpomys fossor e uma nova espécie, Clyomys sp. nov. (Echimyidae). A composição da fauna de pequenos mamíferos em ambos os sítios, especialmente em relação aos Echimyidae, evidencia uma similaridade taxonômica com a fauna de Lagoa Santa. Entre os táxons registrados, pelo menos três deles estão extintos (D. fossor, E. mordax e Clyomys sp. nov), o que poderia indicar uma maior diversidade dos Echimyidae durante o Holoceno, assim corroborando a hipótese de extinções mais tardias da fauna de roedores na região mais ao norte da América do Sul do que no extemo sul deste continente. Em relação ao paleoclima, a fauna de marsupiais e roedores caviomorfos manteve-se quase a mesma ao longo do tempo em ambas as áreas, o que pode ter-se devido a mudanças climáticas mais lentas e graduais. A ocorrência de marsupiais e roedores caviomorfos de ambientes campestres e áreas florestadas nos mesmos níveis poderia dever-se a um ambiente em mosaico, mas com predomínio dos campos. A diferença temporal no início da expansão das florestas entre as duas áreas, a qual é hipotetizada pelos dados palinológicos, não pôde ser corroborada pelo registro dos mamíferos de pequeno porte, já que desde o Holoceno inicial (± 8.000 anos AP) estavam presentes em ambos os sítios animais típicos de áreas florestadas. Os Chiroptera não contribuiram para com as análises paleoambientais e paleoclimáticas devido à sua distribuição estratigráfica irregular e o pequeno número de espécimes. As inferências paleoclimáticas e paleoambientais embora preliminares, são as primeiras com vistas ao melhor entendimento do Holoceno do Estado do Rio Grande do Sul.

ASSUNTO(S)

rio grande do sul didelphimorphia mamíferos fósseis montenegro (rs) taxonomia chiroptera rodentia santo antônio da patrulha (rs) paleontologia holocene holoceno palinologia rio grande do sul state

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