Diagnóstico citogenético e molecular das alterações genéticas recorrentes em leucemias da infância, no Distrito Federal
AUTOR(ES)
Débora Rabello Mesquita
DATA DE PUBLICAÇÃO
2009
RESUMO
Em crianças, as leucemias, predominantemente do tipo aguda, são a forma mais comum de câncer. Informações a respeito das alterações genéticas recorrentes são importantes para a confirmação diagnóstica, caracterização biológica e apresentam grande valor prognóstico nas leucemias. No entanto, no Distrito Federal, não há relatos a respeito de suas freqüências. Utilizando-se as técnicas de obtenção de metáfases a partir do cultivo de células de medula óssea e RT-PCR foram pesquisadas as alterações genéticas recorrentes em 133 pacientes pediátricos portadores de leucemia, no período de 2005 a 2007, correspondendo a 78,70% do total registrado no Hospital de Apoio de Brasília. Observaram-se um total de 88 casos de LLA de linhagem B, 34 de LMA, sete de leucemia aguda bifenotípica e quatro de LMC, correspondendo, respectivamente, a 66,17%, 25,56%, 5,26% e 3,01% do total analisado. Entre os 79 casos com análise cariotípica completa, 47 apresentaram cariótipo normal e 32 outros evidenciaram alterações cromossômicas, sendo: hiperdiploidia (12), hipodiploidia (7), pseudodiploidia (12) e trissomia do 21 (1). Transcritos híbridos recorrentes foram identificados em 17 casos de LLA de linhagem B, sendo BCR/ABL p190 (1), E2A/PBX1 (5), TEL/AML1 (10) e MLL/ENLA1 (1) e em onze de LMA: AML1/ETO (5), PML/RAR (3), CBF/MYH11 (3). Para os transcritos: MLL/AF4, MLL/AF9, MLL/ENLA2 e MLL/ELL, nenhuma amplificação foi observada. Para cada transcrito foi verificada variação no valor das freqüências obtidas ano a ano. Questões relacionadas à heterogeneidade étnica são discutidas, sugerindo-se influência deste fator na variação encontrada. Os valores referentes às freqüências do transcrito TEL/AML1 identificados, no presente trabalho, são inferiores à média de 25% relatada em países industrializados. Análise comparativa da freqüência do referido transcrito é realizada entre países com diferentes graus de industrialização, identificando-se possível correlação entre este fator e a freqüência de TEL/AML1, o que leva a considerar a possibilidade de ocorrência de uma etiologia infecciosa para a leucemia infantil. Não houve concordância entre os resultados obtidos a partir das análises citogenética e molecular. A análise molecular, por RT-PCR, foi considerada como técnica ideal para a detecção de transcritos híbridos, enquanto que a análise citogenética contribuiu para a identificação de alterações cromossômicas numéricas, alterações estruturais não recorrentes e pseudodiploidias sem transcrito correspondente. O trabalho realizado permitiu a instalação de uma Unidade de Diagnóstico Molecular de Leucemias no Distrito Federal, ao possibilitar a incorporação do exame molecular no grupo de exames realizados ao diagnóstico em todos os pacientes com suspeita de leucemia, registrados no Hospital de Apoio de Brasília.
ASSUNTO(S)
rt-pcr leucemia citogenética alterações cromossômicas genetica infância
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