Dez anos de estruturas do emprego na industria automobilistica brasileira : rupturas e continuidades (1896/1995)

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DATA DE PUBLICAÇÃO

1998

RESUMO

O processo de modernização e reestruturação produtiva, caracterizado pela introdução da automação microeletrônica e de novos princípios organizacionais (produção e trabalho), está alterando os padrões de emprego industrial, sugerindo sistemáticas transformações na estrutura do emprego, desde a redução do contingente empregado, com criação e destruição de ocupações, à maior exigência de requisitos educacionais e mudanças nas qualificações da força de trabalho. Procurando ampliar o entendimento de tal questão, este estudo analisa a estrutura do emprego na indústria automobilística brasileira enquanto indicador de intensificação da reestruturação produtiva e do processo de modernização, enfocando as variáveis: categorias ocupacionais/qualificação, escolaridade, salário, tempo de serviço, idade e sexo. A investigação esteve baseada em consultas ao banco de dados do Ministério do Trabalho, a RAIS (Relação Anual de Informações Sociais), no período 1986/ 1995. Como resultado do estudo, é possível identificar uma dinâmica de emprego diferenciada entre montadoras e empresas de autopeças, o que nos leva a falar em dois regimes distintos entre os segmentos do setor automotivo. Enquanto as montadoras parecem incorporar, com maior consistência, políticas que promovem a modernização, afastando-se dos padrões tradicionais de emprego que prevaleceram na década de 80, nas empresas de autopeças tais iniciativas parecem ser graduais, revelando o caráter heterogêneo do processo de reestruturação entre as empresas que compõe o setor automotivo. Com relação às categorias ocupacionais, identificamos uma redução acentuada entre os inspetores de qualidade, supervisores e trabalhadores de produção não-qualificados (trabalhadores braçais em geral), o que sugere maior intensificação do processo de reestruturação industrial. Surpreendente é o aumento percentual e absoluto de engenheiros nas montadoras, um indicador universal de capacitação tecnológica. Contudo, a persistência acentuada de trabalhadores semi-qualificados (ocupações tradicionais do setor) em montadoras e empresas de autopeças é uma contraparte da relativamente baixa difusão de sistemas automatizados na produção e também de que as novas formas organizacionais não romperam com a classificação formal de ocupações, reforçando a divisão do trabalho que, no conjunto, é semelhante aos padrões da década de 80. Outro aspecto que merece destaque é a transição da concentração da força de trabalho das faixas de menor escolaridade para as faixas de maior instrução formal. A variável idade revela certo "envelhecimento" da força de trabalho, constatação convergente com as tendências relativas ao tempo de serviço, ou seja, de maior estabilidade no emprego. Por fim, a análise da variável sexo revela que as montadoras, mais do que as empresas de autopeças, oferecem melhores oportunidades de emprego para as mulheres em ocupações de maior status e qualificação, como é o caso das engenharias. Contudo, o perfil desta mudança não tem alterado a estrutura do emprego por sexo; a reestruturação produtiva tem reproduzido o caráter de segmentação, onde as mulheres continuam ocupando postos de trabalho de menor qualificação, obtendo assim menor remuneração, apesar de possuírem escolaridade significativamente mais elevada do que a dos homens

ASSUNTO(S)

qualificações profissionais trabalhadores da industria automobilistica

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