Determinantes da adesão à terapia Anti-retroviral em crianças infectadas pelo HIV

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

O uso da Terapia Anti-retroviral Altamente Ativa (HAART) tem reduzido a morbimortalidade e tem mudado o perfil do HIV/AIDS para uma doença crônica. Para obter sucesso virológico e imunológico, é necessário alto nível de adesão a HAART. Baixos níveis de adesão aumentam o risco de falência terapêutica e de progressão da doença. Para crianças, fatores relacionados com os pais ou responsáveis e com a medicação devem ser considerados para manter uma boa adesão. Este estudo teve como objetivo determinar o nível de adesão da nossa população pediátrica, os determinantes da adesão e correlacionar adesão com os exames laboratoriais. Foi realizado no ambulatório do CTR-DIP, UFMG/PBH. O período de admissão foi de agosto/2002 a maio/2003. Os pais ou responsáveis responderam a um questionário (adaptado do estudo PENTA) que abordava as dificuldades encontradas para cada anti-retroviral (ARV), o período mais difícil de dar a medicação, motivos para não dar as medicações e como a HAART interfere na vida diária da criança. Adesão foi mensurada pelo número de doses perdidas nos últimos três dias. Informações adicionais foram obtidas pelo prontuário médico e dados da farmácia. Pacientes com boa adesão, definida como 100%, isto é, nenhuma dose foi perdida nos últimos 3 dias, foram comparados com os pacientes sem boa adesão. Análises estatísticas foram feitas no SPSS, usando análises univariadas seguidas pela regressão logística. Análise de sobrevivência de Kaplan-Meier foi utilizada para avaliar a ocorrência de falência virológica e imunológica do regime em uso. 103 crianças foram admitidas no estudo (50% das crianças em uso de ARV no serviço). O regime ARV atual era: 2 ITRN 15,53%; 3 ITRN 2,9%; 2 ITRN + ITRNN 35,92%; 2 ITRN + PI 41,74%; 4 ARVs 3,8%. Adesão de 100% foi reportada em 76 (73,7%) dos pacientes. Adesão não foi influenciada pelo sexo, idade, escolaridade dos responsáveis e renda mensal. 88 (81,54%) dos responsáveis relataram que era fácil lembrar de dar as medicações e 46 (44,6%) acham que interfere muito na vida diária das crianças. Esquecimento foi o motivo para não dar as medicações em 48,1%. Nelfinavir e Efavirenz foram considerados muito difícil de tomar em 27,5% e 26,8%, respectivamente. AZT, D4T e 3TC foram considerados fácil em 80% e 97,5%, respectivamente. Na análise univariada, as crianças no primeiro esquema ARV e as crianças cujos responsáveis apresentaram apenas um motivo para não dar a medicação tiveram melhor adesão. Na análise multivariada: apenas um motivo para não dar a medicação, primeiro esquema ARV e mãe que medica a criança foram relacionadas com melhor adesão. Idade foi relacionada com piora da adesão. A curva de Kaplan-Meier, estratificada pela adesão, mostrou que pacientes com boa adesão têm vantagem em manter a resposta virológica (log rank= 0.0078) e imunológica (log rank = 0.016). Os pacientes do estudo possuem altos níveis de adesão. Adesão não é influenciada pelo esquema ARV usado. O paciente tem melhor adesão no primeiro esquema ARV. Os motivos para não dar as medicações são variados, necessitando de uma abordagem contínua e multidisciplinar.

ASSUNTO(S)

pediatria teses. hiv teses.

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