Determinação dos limites de entrada e saída de um projeto de investimento em uma lavoura de café com aplicação da teoria de opções reais

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

A decisão de investimento em lavouras perenes é feita sob risco, pois, de forma geral, envolve um tempo longo de formação da lavoura. O investidor conhece os comportamentos passado e atual do mercado, especialmente quando o produto é uma commodity, bem como os custos atuais de formação da lavoura. O impulso natural do agricultor é o de decidir iniciar a produção de um determinado produto quando os preços estão em alta e de se decidir a deixar de produzi-lo quando os preços estiverem em baixa. A modelagem de resposta à demanda de café é, de forma geral, feita através de modelo de regressão múltipla como mostrado por Wickens e Greenfield (1973). Esses modelos consideram a resposta à demanda decomposta em duas partes: o investimento de longo prazo composto pela formação da lavoura, preparo do solo, mudas, plantio e formação das mudas até o período de início de produção e o componente de curto prazo composto por tratos culturais anuais, colheita e processamento, até a disponibilização para a comercialização no mercado. O componente de longo prazo é modelado pela defasagem dos preços pelo período de formação da lavoura. A decisão de abandono é modelada pela defasagem de um ano dos preços correntes como em Arak (1969 apud LUONG e TAUER, 2004). O ganho é explicado, em muitos estudos, basicamente por três variáveis: preço atual, preço defasado de um ano e produção defasada de um ano. Os preços atual e defasado de um ano correspondem ao ganho de curto prazo. O uso de defasagem de um ano é explicado pelo ciclo de produção do café tipo Arábica. A defasagem deve ser diferente para cafés com ciclos de produção diferentes. As anomalias de produção, causadas por condições climáticas, podem ser modeladas por omissão dos termos claramente outliers ou por variáveis dummy indicando ano de condição climática anômala que tenha provocado produção diferenciada dos níveis esperados. Dixit e Pindyck (1994) defendem que a maior parte dos investimentos é irreversível e que os investimentos podem ser postergados a critério do investidor. O investidor, com uma oportunidade de investimento, na realidade é detentor de uma opção análoga a uma opção de compra na qual tem o direito, mas não a obrigação de comprar um ativo no futuro. Hull (1997 apud LUONG e TAUER, 2004) aplicaram modelo simples de entrada e saída, baseado nos trabalhos de Dixit e Pindyck (1994) para determinar fronteiras de preço de entrada e saída para plantadores de café no Vietnam. O presente trabalho pretende investigar aplicação do modelo sugerido por Dixit e Pindyck (1994) e no trabalho de Luong e Tauer (2004) para a definição dos pontos de entrada e saída, aplicando o modelo à lavoura de café no Brasil. Esse modelo encontra-se calcado na Teoria de Opções Reais para análise da tomada de decisões sob risco. O modelo busca determinar os preços de gatilho para investir e para abandonar a lavoura em função do comportamento dos preços e dos custos de início de produção, manutenção da lavoura e de abandono da lavoura. A presente pesquisa evidencia a superioridade do modelo de opções reais em contraste aos modelos empíricos de tomada de decisão pelos agricultores e com o modelo oferecido pela teoria neoclássica convencional com relação à determinação dos pontos de entrada e saída da cultura do café.

ASSUNTO(S)

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