Desmanchando preconceitos: a AIDS e a estética da mancha nas peças Angels in America, o Homem e a mancha e a Mancha roxa / Dismantling prejudice: AIDS an the aesthetics of stain in the plays Angels in America, O Homem e a mancha and Mancha roxa
AUTOR(ES)
Cláudio Luís Serra Martins
DATA DE PUBLICAÇÃO
2009
RESUMO
O surgimento da AIDS em meados da década de oitenta do século passado traz à tona, mais uma vez, a discussão do binarismo doença e culpa. Para o imaginário dessa época, a mancha estampada no corpo do aidético perde o caráter patológico como causa da ação virulenta do HIV e é substituída por outra mancha que vai revestir não só a pele do doente, mas, principalmente, os olhos acusatórios daqueles que vêem a realidade manchada pelo preconceito. Para tratar desse glaucoma imaginário, abordarei o símbolo da mancha nas três peças que fazem parte de minha pesquisa: Angels in America (1990) de Tony Kushner, O Homem e a Mancha (1997) de Caio Fernando Abreu e A Mancha Roxa (1988) de Plínio Marcos. O objetivo é demonstrar como a mancha é objeto/signo adequado, usado por todos e cada um dos três dramaturgos, na representação do doente de AIDS; para, finalmente, refletir no palco o esboroamento da realidade, através de seu sentido impreciso e sem uma fronteira delimitável. Em O Homem e a Mancha, por exemplo, a personagem, para se libertar da visão dessa mancha estampada em seu corpo, desenvolve um comportamento esquizofrênico, criando um mundo fictício ao seu redor e se isolando do mundo real para viver em sua ilha de solidão. Em Angels in America, o corpo lesionado de Prior Walter provoca mais estupor ao seu companheiro Louis do que ao próprio protagonista. Enquanto Louis tenta fugir da imagem emblemática da culpa, Prior se transforma, não em um marcado para a morte, mas em um escolhido, um novo eleito que desafia o Anjo, pedindo por mais vida. E por último, na peça A Mancha Roxa de Plínio Marcos, diferentemente de Caio e Kushner, o símbolo da mancha aparece de modo mais realista e, acima de tudo, de maneira mais fatalista, pois as presidiárias não estão somente presas fisicamente, mas mentalmente, sem possibilidades para escapismos imaginários
ASSUNTO(S)
estética aids (doença) na arte aids mancha homossexualismo na literatura abreu, caio fernando, 1948-1996. o homem e a mancha marcos, plínio, 1935-1999. a mancha roxa stain aids (doença) na literatura aesthetics literatura comparada kushner, tony. angels in america aids and homosexuality homossexualidade
ACESSO AO ARTIGO
http://www.bdtd.uerj.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=1020Documentos Relacionados
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