Desigualdades em saúde entre trabalhadores brasileiros : análise da PNAD/2008 / Inequalities in health among brazilian workers : analysis of PNAD/2008

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

22/02/2011

RESUMO

A desestruturação do mercado de trabalho, acentuada principalmente a partir da década de 1990, encontra-se atrelada aos desafios impostos pela política econômica neoliberal oriunda dos países capitalistas hegemônicos. Desemprego, informalidade, postos de trabalho temporários, precarização dos contratos de trabalho e aumento das exigências laborais, são resultantes da perda do poder de negociação dos trabalhadores. Neste cenário, a saúde do trabalhador, como conquista, desenvolve-se diante de discurso patronal dominante que nega a fragilidade do processo de trabalho ao mesmo tempo em que os vínculos com os movimentos sociais de trabalhadores organizados são desfeitos e que as políticas públicas de saúde do trabalhador são ineficazes. Superando a tendência biologicista do século XIX, a vertente social vem se estruturando nos estudos em Saúde Coletiva sobre as desigualdades em saúde. O conhecimento sobre a forma com que a sociedade se organiza e se desenvolve é visto como base para entender como essa organização pode afetar as condições de vida e trabalho nos diversos grupos sociais. Assim, considerando a forma de inserção do trabalhador na estrutura produtiva do país, foi realizado estudo com o objetivo de analisar desigualdades em saúde entre trabalhadores brasileiros. Foram utilizados os microdados da pesquisa básica e do suplemento de saúde da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2008. Os sujeitos da pesquisa são homens e mulheres, de 18 a 64 anos, moradores das 26 Unidades de Federação e do Distrito Federal pertencentes à população economicamente ativa urbana (n=152.233). Estes trabalhadores foram classificados em três categorias de análise: formais (n=76.246), informais (n=62.612) e desempregados (n=13.375). Considerando o desenho amostral complexo, a partir do software estatístico STATA®, versão 9.0, foram calculadas prevalências das variáveis sociodemográficas, econômicas e características do trabalho principal entre as categorias de análise. Também foram estimadas razões de prevalência de morbidade, acesso e utilização dos serviços de saúde entre os trabalhadores utilizando regressão de Poisson. Ajustes foram feitos por sexo, idade, escolaridade, região de residência, tabagismo e tipo de informante. Trabalhadores formais foram categoria de referência e o intervalo de confiança estimado foi de 95%. Complementarmente foram analisadas e discutidas propostas de inclusão dos trabalhadores informais e desempregados nas políticas públicas de saúde do trabalhador presentes nos relatórios finais das Conferências Nacionais de Saúde do Trabalhador. Os trabalhadores informais e desempregados, além de apresentarem piores indicadores socioeconômicos, apresentaram piores percepções da própria saúde, maiores relatos de morbidade e menor acesso e utilização dos serviços de saúde quando comparados aos trabalhadores formais. Apesar das desigualdades identificadas, a análise dos relatórios finais das Conferências evidenciou que o debate sobre a inclusão desses trabalhadores em políticas públicas é recente e poucas propostas foram concretizadas. Espera-se que esse estudo auxilie na elaboração de outros estudos sobre as desigualdades em saúde entre os trabalhadores e que tenha mostrado a necessidade de elaboração de políticas públicas de saúde do trabalhador inclusivas que contemplem a heterogeneidade do mercado de trabalho brasileiro

ASSUNTO(S)

acesso aos serviços de saude políticas públicas saúde do trabalhador trabalhadores health services accessibility public policy occupational healt workers

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