Desenvolvimento de competências gerenciais em uma empresa brasileira em processo de internacionalização: uma abordagem fenomenológica

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Trata-se de um estudo fenomenológico/interpretativista que teve por objetivo apreender e interpretar a essência da experiência dos gestores em desenvolver competências para atuar no exterior. A intenção foi descobrir qual o significado que atribuem a estes desafios impostos na conquista de mercados globais e de que forma este significado foi se traduzindo em ação nas suas práticas de trabalho. Buscou-se observar, também, os processos de aprendizagem que deram suporte para o desenvolvimento das competências desses gestores. Para atingir este objetivo recorreu-se a abordagem interpretativista/fenomenológica dos estudos de competências, considerando, sobretudo, o modelo de Sandberg (2000), para quem a competência é decorrente do significado que o trabalho tem para o trabalhador. Sendo assim, foram analisadas as experiências vividas por sete gestores brasileiros no processo de internacionalização de uma empresa de alimentos nacional. Apesar de cada experiência vivida pelos gestores ser única, podese identificar as invariantes dos discursos, o que permitiu distinguir que, em linhas gerais, os profissionais desenvolvem as habilidades para atuar no exterior por meio de: (a) suas experiências profissionais vividas no dia-a-dia dos negócios, já que nenhum deles passou por processos dirigidos de formação como treinamentos, cursos ou outro tipo de iniciativa mais formal por parte da empresa. Foram, sobretudo, suas vivências no exterior, o enfrentamento dos desafios da adaptação, da língua e da cultura que serviram como fonte primária de aprendizado para o seu desempenho internacional. Além disso, (b) suas histórias de vida e trajetória profissional, isto é, a maneira como cada individuo conduziu a sua experiência, suas batalhas pessoais e esforços, exerceu influência nas condições necessárias para ser bem sucedido no exterior, quando tiveram que enfrentar um ambiente totalmente novo e superar os desafios impostos por situações que não são familiares. Os resultados revelaram que a essência do fenômeno de tornar-se competente no exterior acontece de forma gradativa e evolutiva. A passagem por uma fase de desconforto inicial é condição para ir para a segunda fase de reflexão e comparação sobre as diferenças com o país de origem, até atingir a etapa de adaptação e assimilação, em que os gestores começam a aprender a dar respostas eficientes aos dilemas culturais vivenciados. Imersos em uma nova cultura, o trabalho e a função de gestor adquirem outros significados. Ser competente no seu país de origem não significa ser competente num país estrangeiro. A convivência com outros grupos sociais faz com que os profissionais iniciem um processo de mudança e tornem-se mais críticos, capazes de desenvolver uma visão mais ampla da função gerencial, o que os capacita a conviver com uma diversidade de situações. O desenvolvimento de competências acontece, portanto, por um processo interno de auto-mobilização e reflexão frente a uma nova realidade de trabalho, clientes, processos, negócios e etc. A aprendizagem que dá suporte à competência é a de entender esse outro, o que permite interpretar e dar significado aos seus modos de pensar e agir. Essa compreensão impulsiona uma mudança no comportamento dos gestores para que sejam aceitos, compreendidos e inseridos no novo contexto. A capacidade de entender o que está oculto, de decifrar atitudes e comportamentos ao longo do tempo, leva não só o gestor a adquirir competências para dar respostas aos problemas enfrentados, ganhar respeito e credibilidade, mas a conquistar uma auto-estima profissional e autoconfiança para desempenhar melhor a sua função gerencial em terras estrangeiras.

ASSUNTO(S)

competence development aprendizagem administracao phenomenology internacionalização fenomenologia desenvolvimento de competências internationalization learning

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