Desempenho cognitivo, ansiedade e comportamento da pressão arterial em residentes de clínica médica em plantão noturno. / Cognitive performance, anxiety and the behavior of blood pressure of internal medicine residents at a night on call.

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

30/03/2011

RESUMO

Introdução: As consequências do caráter estressante da atividade médica vêm motivando pesquisas e preocupações. Plantão noturno, excesso de trabalho, fadiga, cansaço, medo de cometer erros e falta de orientação têm sido associados ao estresse durante a residência médica. Objetivo: Este estudo teve como objetivo avaliar o desempenho cognitivo, nível de ansiedade e o comportamento da pressão arterial em um grupo de residentes de primeiro ano de Clínica Médica em plantão noturno, após atividades de rotina em estágio de enfermarias. Método: Foram convidados todos (n=40) os residentes de primeiro ano de Clínica Médica da ISCMSP. Trinta e oito residentes aceitaram participar deste estudo transversal. Os residentes foram avaliados em duas etapas seguindo a mesma ordem: primeira avaliação - Etapa 1.) jornada de trabalho com plantão noturno; segunda avaliação - Etapa 2.) jornada de trabalho sem plantão noturno. Digit Span, Span Spatial, Trail Making Test, Stroop Color Test, Rey Audictory Verbal Learning Test, Wisconsin Card Sorting Test foram os testes neuropsicológicos utilizados nas avaliações cognitivas após o término das duas etapas. A escala IDATE foi aplicada no início e término do plantão noturno. A monitorização da pressão arterial foi realizada através da MAPA durante as 24h das Etapas 1 e 2. Para a análise dos dados foram utilizados os seguintes testes: Test t de Student pareado, Wilcoxon, McNemar, effect-size (Cohensd). Para todas as análises foi atribuído p <0,05. Resultados: Após o plantão noturno, os residentes apresentaram pior desempenho cognitivo nos testes: Trail Making Test parte A (p=0,016), na atenção; RAVLT-Trial 1 (p=0,028), na memória imediata, RAVLT-Trial 7 (p=0,016), reconhecimento; RAVLT-List B (p = 0,006), lista de palavras distratora; RAVLT-total (trials 1 to 5) (p=0,035), memória e aprendizagem verbal; Stroop Color Test W (p=0,029) controle inibitório de impulso e WCST erro perseverativo (p=0,028), flexibilidade cognitiva. Não houve diferença significante entre os níveis de ansiedade-estado no inicio 40,71 (8,5) e término 40,42(8,3) do plantão noturno; (p=0,85). Houve diferença significante entre as médias das pressões sistólicas e diastólicas no período diurno (118 v 115 mmHg, p=0.01; 75 v 71 mmHg, p=0,01) e noturno (116 v 108 mmHg, p<0,001; 74 v 64 mmHg, p<0,001) na Etapa 1 em relação a Etapa 2. Somente na Etapa 2 houve diferença significante entre período diurno e noturno das pressões sistólica (115 v 108 mmHg, p<0,001) e diastólica (71 v 64 mmHg, p<0,001). 76% dos residentes não apresentaram descenso noturno na Etapa 1. Conclusão: O plantão noturno modificou o desempenho cognitivo e o comportamento da pressão arterial em residentes de clínica médica. Ações preventivas em instituições de ensino devem ser planejadas.

ASSUNTO(S)

internato e residência trabalho noturno pressão arterial ansiedade atenção memória psiquiatria

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