DE SUPÉRFLUOS A SUJEITOS HISTÓRICOS NA CONTRAMÃO DO CAPITAL: A GEOGRAFIA DO (DES)TRABALHO

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Quando o trabalho vira a mercadoria fundamental para o lucro, é porque o trabalhador, seu dono, já está condenado a ser supérfluo, pois quanto mais barata, miserável e abundante for ela, mais lucrativa é a produção. Essa é a condição estrutural do sistema acumulativo do capital: transformar sujeitos históricos em coisas baratas e vendáveis no mercado. Neste sentido, esta dissertação tem como objetivo analisar como se tem dado o movimento da realização do capital a partir da desrealização dos trabalhadores na atualidade da crise estrutural do sistema acumulativo. Foi estudada a realidade dos trabalhadores desempregados em Vitória da Conquista/BA e a experiência do Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD) no referido município. A atual crise do capitalismo, iniciada na década de 1970, tem revelado que o sistema produtor de mercadorias atingiu limites estruturais e históricos. É o momento em que a produção de riqueza é radicalmente transformada em produção destrutiva. Neste contexto, a manutenção dos processos de extração dos lucros e da valorização do capital tem como corolário imediato o agravamento das condições materiais dos trabalhadores que, sem salário e sem terra, sucumbem no campo e na periferia urbana, como observado em Vitória da Conquista. São territórios produzidos segundo a lógica do sistema acumulativo onde a principal característica estampada na paisagem é a pobreza. O processo de territorialização do capital, que se efetiva em escala mundial na busca desenfreada por trabalho barato, torna-se um verdadeiro processo de distribuição espacial da miséria pelo globo, uma verdadeira Geografia do (des)trabalho. Contudo, o território produzido tem como substância contradições estruturais e é neste movimento que se observa o mundo do trabalho em sua dinâmica social. É o próprio movimento social do trabalho reproduzindo o estrutural conflito de classes e a luta anti-capital. Um conflito que tende a se radicalizar com o aumento dos monopólios globais e aumento da miséria do mundo do trabalho; um processo contraditório em que, por um lado, mais sujeitos tornam-se supérfluos para a reprodução da acumulação e, por outro, mais trabalhadores se unem pela necessidade urgente de inverter a fatalidade histórica do capital. É a luta que caminha no sentido de: supérfluos a sujeitos históricos.

ASSUNTO(S)

crise estrutural desemprego estrutural structural crisis structural unemployment geografia do (des)trabalho geografia geography of (un)employment trabalho movimento dos trabalhadores desempregados work unemployed workers movement

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