Da infância para o mundo adulto
AUTOR(ES)
Claudete Ribeiro
DATA DE PUBLICAÇÃO
1989
RESUMO
Neste trabalho procuramos investigar os escolares e provenientes de uma população carente material e afetivamente vivenciam o seu período de latência. Consideramos que esta etapa ocorre entre oito e doze anos e regularmente se dá durante a fase escolar. Empregamos conceitos teóricos de Freud e Erikson para definir a latência e os períodos que a antecedem, de forma a caracterizar as suas peculiaridades. Nosso objetivo foi direcionado para investigar como, emocionalmente, se deixa de ser criança, como se da a passagem para ingressar no mundo adulto. Consideramos que a condição sócio-econômica e a constituição familiar são variáveis que interferem na vivência emocional. Tal condição foi determinante para a escolha dos sujeitos que estudamos. Testamos 212 escolares (113 meninas e 99 meninos) escolares de estabelecimentos de ensino público, situado na periferia do município de Assis no centro-oeste do Estado de São Paulo. Estes escolares pertenciam as 2, 3 e 4 séries do primeiro grau, e foram considerados com desempenho regular pois as classes problemáticas foram excluídas da pesquisa. Para obtermos dados, empregamos a Investigação Psicológicas (Rocha, 1995) e a adaptação do Bender Projetivo (Ribeiro, 1984), tendo várias informações simultaneamente e de uma forma rápida, econômica e compatível com as habilidades e condições dos sujeitos em questão. Detectamos que as crianças, após o ingresso no universo escolar, buscam uma identificação projetiva com a figura do professor, como um processo transferencial do objeto do desejo mas, regularmente fracassam nesta tentativa porque se defrontam com pessoas que desconhecem o seu universo de carências. O professorado tem, igualmente, limitações institucionais, materiais e emocionais que interferem no seu procedimento. Inevitavelmente os escolares sentem-se desprotegidos e desamparados, acentuando a sua solidão já existente no seio familiar. O desamparo, inicialmente desencadeado pelos pais e acentuado pelos professores não permite às crianças elaborarem bem o seu período edípico. Sequer permite a realização uma identificação projetiva pelo escolar com o ideal de ego. Nesta condição a maioria dos escolares vive a sua transição dificultada e é conduzido a uma adolescência cheia de conflitos. É importante lembrar que este trabalho foi decorrente da nossa necessidade de conhecer as características específicas deste tipo de criança, que geralmente é cliente na área da saúde mental na saúde pública, demanda com peculiaridades que precisam ser conhecidas, independentemente da literatura, já que a sua condição interfere no seu desenvolvimento emocional e intelectual
ASSUNTO(S)
psicologia do desenvolvimento latencia psicologia da crianca rito de passagem psicologia carentes
ACESSO AO ARTIGO
http://www.sapientia.pucsp.br//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=8879Documentos Relacionados
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