Considerações sobre as especificidades na estruturação da psicose do adulto e da infância

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

Este trabalho de pesquisa busca elaborar algumas considerações sobre as especificidades da estruturação da psicose da infância e do adulto. Para tanto, baseia-se nas conceituações de Lacan acerca do sujeito, estrutura e Outro. Discute-se a forma de apreensão do sujeito e da psicose desenvolvida por este autor que entende o sujeito estruturado pela linguagem que o antecede. Sendo assim, sua estruturação subjetiva define-se na relação com o Grande Outro e o outro semelhante e diz respeito à maneira como esse sujeito responde às questões advindas do simbólico que o causa a partir do desejo. Uma outra premissa fundamental, baseia-se na noção de que a psicose é uma resposta do sujeito às palavras que vêm do Outro, é uma maneira singular de estabelecimento de laço com a linguagem e, por isso, não pode ser tomada da mesma forma que outros quadros clínicos. Essa estrutura subjetiva é apresentada, neste trabalho, como um paradigma da constituição do sujeito. Desta forma, a presente pesquisa intenta especificar os modos de estruturação da psicose da infância e do adulto, tendo como norteadores os três registros real, simbólico e imaginário. Foram realizadas entrevistas abertas com pais de crianças que apresentam um quatro de psicose, bem como adultos com essa problemática. Por meio da análise das entrevistas foi, possível construir, em cada caso, hipóteses sobre a presença de modos de funcionamento psíquico específicos dos sujeitos e seus pais, bem como a forma de captação do sujeito pelo Outro. Foram analisados 3 casos: 2 crianças e 1 adulto. Empregou-se o método psicanalítico tanto para a realização das entrevistas, como para análise dos resultados encontrados. Nas análises das entrevistas, foram apresentadas e discutidas as histórias de vida dos pais e dos sujeitos, descrevendo os fatores determinantes da insurgência da psicose nesses casos. Conclui-se que, embora haja, segundo a literatura psicanalítica, um mecanismo que especifica de forma geral a psicose, esta apresenta algumas especificidades nas crianças. Observou-se que real, simbólico e imaginário não se articulam da mesma forma na criança psicótica e no adulto psicótico. A falha precoce no simbólico não permite à criança constituir-se, impossibilitando a intricação dos registros. A psicose do adulto, confirmada no momento do surto, traz a particularidade de permitir ao sujeito uma certa amarração dos registros, inexistente na criança psicótica.

ASSUNTO(S)

psicologia psicanálise psicopatologia structure childhood psychosis psicose da infância psicose infantil psychopathology estrutura sujeito psychoanalysis subject

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