Da computação paraconsistente a computação quantica

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

As diferentes interpretações da mecânica quântica levanta sérios problemas filosóficos a respeito da natureza do mundo físico e do estatuto das teorias físicas. Tais interpretações desempenham um papel importante na compreensão dos modelos de computação quântica, e por sua vez os modelos de computação quântica abrem a possibilidade de se confrontar as teses filosóficas que se atrevem a responder a tais problemas. Apesar das relevantes e surpreendentes promessas de uso pragmático e tecnológico da computação quântica, não é por essa vereda que caminha este trabalho: o que aqui se oferece é um novo paradigma de computação (um modelo de computação baseado no paradigma paraconsistente), e se propõe uma nova interpretação da computação quântica através desse novo paradigma, dessa forma colaborando simultaneamente na discussão filosófica a respeito da noção de computabilidade e da mecânica quântica. O presente trabalho introduz a definição do que será chamado de modelo de máquinas de Turing paraconsistentes (MTPs). Tal modelo de computação é uma generalização do modelo clássico de máquinas de Turing. No modelo de máquinas de Turing paraconsistentes, diferentemente do modelo clássico, permite-se a execução de múltiplas instruções de mancha simultânea, dando lugar a multiplicidade de símbolos em diferentes casas da fita, multiplicidade de estados e multiplicidade dc posições da máquina. Considerando que tal multiplicidade de configurações, embora essencial nas MTPs pode ser interpretado como incoerências com respeito às máquinas de Turing clássicas, permite-se acrescentar condições de consistência e inconsistência na execução das instruções nas MTPs. o que servirá então para controlar o estado dc incoerência do sistema. Depois de apresentar o modelo de MTPs, são descritos os modelo de máquinas de Turing quânticas (MTQs) e o modelo dc circuitos quânticos (CQs), ambos introduzidos inicialmente por David Dcutsch. os quais são, respectivamente, generalizações do modelo de máquinas dc Turing clássicas e de circuitos boolcanos clássicos usando as leis da mecânica quântica. Finalmente, estabelecem-se relações entre o modelo de MTPs e os modelos de computação quântica, simulando algoritmos quânticos simples (um CQ que soluciona o chamado problema de Dcutsch e um CQ que soluciona o chamado problema de Deutsch-Josza) e mostrando que o paralelismo quântico, uma característica essencial da computação quântica., pode em alguns casos ser simulado por meio de MTPs. Dessa forma, apesar de o particular modelo de MTPs aqui apresentado ter algumas restrições na simulação de certas características da computação quântica, abre-se a possibilidade de se definir outros modelos de MTPs de maneira a simular tais características. Em resumo, o presente trabalho, na medida cm que oferece um novo paradigma de computação (a saber, a computação paraconsistente) e uma nova interpretação dos modelos de computação quântica (a saber, a interpretação da computação quântica através da computação paraconsistente) contribui para a discussão filosófica a respeito da interpretação dos modelos de computação quântica, e possivelmente da interpretação da própria mecânica quântica. Contudo, não menos importante é o fato de que, apesar de o presente trabalho não pretender se dedicar a questões puramente técnicas da computabilidade, ele de fato abre um imenso campo de investigação a respeito da computação relativizada à lógica e suas implicações - no caso presente, relativizada à lógica paraconsistente

ASSUNTO(S)

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