Cultura e desrazão: uma história de auto-de-fé de Elias Canetti

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

02/12/2011

RESUMO

O questionamento que irá se desenrolar nas páginas deste trabalho é: O que haveria de tão impactante na obra Auto-de-Fé? No decurso da confecção do trabalho, o romance de Elias Canetti suscitou muitas dúvidas, reflexões e problemas, e percebemos que as problemáticas que envolvem essa obra são inúmeras. Para analisarmos a obra de Elias Canetti, fez-se necessário percorrer outro caminho que não somente o da psicanálise. A empreitada, neste aspecto, foi sendo construída por meio de análises históricas de diferentes períodos culturais, predominantemente germânicos. Para tanto me detive nas raízes do Movimento Romântico Alemão, sua história e seus principais nomes. Analisando este movimento, notei como ele era interessante e rico, sobretudo por ser uma época que serviu de estímulo a Freud. Mesmo assim, percebi que o caminho ficaria incompleto se permanecesse somente no âmbito do Romantismo. As questões acerca do belo e sublime vão dando espaço para outras temáticas, questões mais subjetivas, estranhas ao ser. Acreditei que seria importante fazer uma interface com o Movimento Expressionista, onde a loucura e a estética acerca do corpo seriam bastante distintas. O corpo no Expressionismo traria as marcas de uma subjetividade em cacos. Essas escolhas foram feitas com o intuito de promover uma reflexão ampla acerca do contexto histórico em que a obra foi pensada e confeccionada por Canetti. Auto-de-Fé foi construída num contexto em que a cultura austrogermânica estava de alguma maneira fenecendo. As luzes do Império Austro-Húngaro começavam a bruxulear, a República de Weimar era uma caricatura da encarnação dos poderes. O antissemitismo crescente nos países do leste europeu, com a ascensão do Partido Nacional Socialista Alemão, já antecipando aspectos sinistros, o niilismo vienense mostrando como a sociedade austríaca estava imersa em valores obsoletos no que dizia respeito ao homem, arte e sociedade, e também a aglomeração de nomes desta notável época no que concerne as artes. Estes e outros fatores levaram-nos à conclusão de que a análise da loucura da qual Peter Kien será vítima em Auto-de-Fé é uma metáfora triste daquilo que estava por vir. Entender o caráter quase profético das palavras de Elias Canetti só seria possível, tendo como eixo norteador as páginas da história da cultura germânica, uma cultura marcada pelo signo da dualidade

ASSUNTO(S)

elias canetti psicanálise secessão vienense loucura psicologia psychoanalysis vienna secession madness

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