Cotidiano e emoções no processo saúde-doença: análise psicossocial da hipertensão essencial
AUTOR(ES)
Sueli Terezinha Ferreira Martins
DATA DE PUBLICAÇÃO
1994
RESUMO
O objetivo deste trabalho é resgatar o processo saúde-doença em mulheres hipertensas, buscando compreender o papel da experiência cotidiana e do sentido que o indivíduo lhe atribui nesse processo. Em uma primeira fase da pesquisa foram entrevistadas 57 mulheres, entre 41 e 70 anos, usuárias dos serviços de saúde municipal em Bauru. Foram coletadas informações sobre a origem do indivíduo, trabalho, religião, posição sócio-econômica, relacionamento familiar, saúde e expressão de sentimentos. Os resultados da primeira fase indicaram que os principais pólos de tensão vivenciados pelas mulheres, e que se relacionam com a cronificação da hipertensão, giram em torno da relação homem/mulher: alcoolismo; agressão física à mulher e filhos; relação extraconjugal; doença do marido. O trabalho fora de casa e a participação religiosa foram indicados como importantes no controle do nervosismo e da pressão arterial. Na segunda fase da pesquisa foram selecionados sete casos: três casos relacionavam a alteração da pressão com problemas familiares; dois casos envolviam a participação religiosa em igrejas pentecostais; e outros dois indicavam que a hipertensão iniciou-se na última gravidez. Foram realizadas entrevistas centradas no processo saúde-doença: histórico da doença; causalidade; tratamento e controle. A pesquisa indicou que, segundo a perspectiva desse grupo de mulheres, os aspectos geradores de conflitos e sentimentos negativos (raiva, medo, tristeza, vergonha) estão associados ao espaço privado, enquanto os aspectos positivos (trabalho fora de casa e participação em grupos religiosos ou não) relacionam-se ao espaço público. o trabalho e a participação religiosa possibilitam espaço para relações sociais e desenvolvimento de atividades que aliviam as tensões do dia-adia. A religião, no entanto, atua como controladora de emoções e, diferentemente do trabalho remunerado, torna-as mais dependentes de seus familiares. Essa pesquisa possibilitou-nos verificar que a hipertensao essencial, como todo processo saúde-doença, não se limita ao aspecto clínico. Para sua compreensão, necessita-se inseri-la num contexto mais amplo, considerando a experiência cotidiana e a subjetividade como fundamentais
ASSUNTO(S)
mulheres hipertensas mulheres -- psicologia saude mental pressao arterial psicossomatica do adulto psicologia social
ACESSO AO ARTIGO
http://www.sapientia.pucsp.br//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=7353Documentos Relacionados
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