Correlação entre o índice cardiofemoral e o déficit de hemoglobina em fetos de gestantes isoimunizadas

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Introdução: a anemia fetal decorrente da isoimunização materna por antígenos eritrocitários tem despertado grande interesse devido a sua morbimortalidade e da alta prevalência em nosso meio. Para o acompanhamento e tratamento adequados da doença hemolítica perinatal, é necessário o diagnóstico preciso do grau de anemia fetal. Apesar da eficácia da amniocentese e da cordocentese para o acompanhamento pré-natal na isoimunização maternofetal, as complicações associadas a esses procedimentos justificam a busca de métodos diagnósticos não invasivos que possam predizer com segurança a intensidade da anemia fetal. O índice cardiofemoral (medida ecográfica do diâmetro biventricular externo/comprimento do fêmur) tem sido utilizado como importante método não invasivo de avaliação da anemia fetal, porém necessita ainda de mais estudos para validação de seu valor científico. Objetivo: avaliar a correlação entre a medida ultra-sonográfica do índice cardiofemoral com o déficit de hemoglobina em fetos de gestantes isoimunizadas. Pacientes e métodos: realizou-se estudo transversal no qual foram acompanhados 125 fetos, com idade gestacional entre 20 e 35 semanas, de 124 gestantes portadoras de isoimunização por antígenos eritrocitários, nos quais foram realizadas 339 cordocenteses. Antes da coleta de sangue fetal, com a visão ultrasonográfica das quatro câmaras do coração fetal, em tempo real e com o modo-M, foi medido o diâmetro biventricular externo (DBVE), a seguir foi medido o comprimento do fêmur (CF) ao longo da diáfise, excluindo-se a epífise distal. Calculou-se o índice cardiofemoral (DBVE/CF). Utilizou-se o equipamento de ultra-som US SONOACE 8800 (MEDSOM) com sonda setorial de 3,5 Mhz. A concentração de hemoglobina foi determinada por meio de fotômetro no sistema HEMOCUE. O déficit de hemoglobina (Déf Hb) foi calculado baseado na curva de normalidade de Nicolaides (NICOLAIDES et al., 1988a). A ausência de anemia foi definida quando o Déf de Hb era <2 g/dl; a anemia não grave quando o Déf Hb era = 2 g/dl e <5 mg/dl e a anemia grave quando o Déf Hb era = 5 mg/dl. Resultados: no momento de sua inclusão no estudo 24% dos fetos não apresentavam anemia, a anemia foi classificada como não grave em 40,8% e grave em 35% dos fetos. Os valores do índice cardiofemoral foram, em média, significativamente menores no grupo sem anemia grave e maiores no grupo dos anêmicos graves (p<0,05). Observou-se correlação positiva e significativa entre o índice cardiofemoral e o Déf Hb (r=0,344 e valor de p<0,001). O valor de 0,60 foi considerado o melhor ponto de corte para o índice em estudo, observando-se equilíbrio entre a sensibilidade e a especificidade. Para a detecção da anemia fetal grave, considerando-se como ponto de corte o valor de 0,60 do índice ecográfico DBVE/CF, a sensibilidade e a especificidade encontradas foram de 85,3% e 58,7% respectivamente. Conclusão: nos fetos de gestantes isoimunizadas o índice cardiofemoral correlaciona-se diretamente com o déficit de hemoglobina. Esse achado sugere que essa medida pode ser utilizada como método não invasivo de diagnóstico de anemia fetal nessas gestantes.

ASSUNTO(S)

eritoblastose fetal/ decs mortalidade decs hemoglobina fetal decs dissertações acadêmicas decs hemoglobinas decs anemia neonatal decs obstetrícia teses. dissertação da faculdade de medicina da ufmg. doenças fetais decs ginecologia teses.

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