Convênio escolar: utopia construída / School agreement: utopia built

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Esta dissertação tem como objeto de estudo a análise de um conjunto de escolas construído entre os anos de 1949 e 1953, quando vigorou o 2º Convênio Escolar, acordo entre Estado e Município, com a finalidade de zerar, até as comemorações do IV Centenário, o grave defict de salas de aula na cidade de São Paulo. A equipe de profissionais, contratados para a concepção e desenvolvimento dos projetos, dirigida pelo arquiteto Hélio de Queiroz Duarte, era composta pelos arquitetos Eduardo Corona e Roberto Goulart Tibau, cariocas formados pela Escola Nacional de Belas Artes e pelos paulistas Oswaldo Côrrea Gonçalves, engenheiroarquiteto, e Ernest Robert Carvalho Mange, engenheiro, ambos formados pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. O trabalho dessa equipe resultou na construção de 52 edifícios escolares aos quais foram aplicados, em seus programas arquitetônicos, os conceitos de uma escola aberta à comunidade, conforme apregoava o educador Anísio Teixeira, com quem o arquiteto Hélio Duarte trabalhou, na Bahia, no planejamento de uma rede de escolas públicas voltada à inclusão das crianças carentes, que não tinham acesso à educação pública. Esse convívio entre o educador e o arquiteto traduziu-se em sólidos conceitos pedagógicos, aplicados na concepção dos projetos arquitetônicos do convênio escolar: arquitetura e pedagogia, a partir dos princípios utópicos da arquitetura moderna e das idéias libertadoras da escola nova resultaram na unidade que caracterizou esse conjunto de escolas. O meu objetivo em pesquisar esse conjunto de obras está na possibilidade de reconstruir a história da moderna arquitetura brasileira através do viés da educação e, para tanto, traçar uma linha histórica, objetivando localizar o início da ligação entre os pedagogos escolanovistas e a arquitetura. No início dos anos 30, em plena era Vargas, assistimos à construção de um plano visando ao desenvolvimento do país, a partir do estabelecimento de um parque industrial nacional. Esse movimento provocou profundas mudanças na estrutura social brasileira. A educação, através do movimento escolanovista, passou a ser indutora dessa transformação, ao lutar pelo direito de todas as crianças de freqüentarem uma escola pública, além de apresentar um novo modelo pedagógico decorrente dessa nova postura que levou à necessidade de um novo espaço físico para abrigar essa escola renovada. O plano de desenvolvimento nacional, no plano cultural, uniu políticos e intelectuais na construção de uma identidade nacional, e a arquitetura, enquanto expressão de um tempo, apropriou-se dos conceitos racionalistas da arquitetura moderna internacional que, nas mãos de jovens arquitetos, pôde encontrar na arquitetura escolar um rico campo de experimentação. O cenário desse movimento é a cidade de São Paulo que, em meados da década de 40, já havia se transformado em metrópole internacional e revelava, em seu espaço urbano, a contradição entre a riqueza e a pobreza, na divisão entre centro e periferia. As escolas do convênio escolar vieram atender aos bairros que tiveram, na escola pública, o primeiro sinal da presença de um Estado que, saído da ditadura de Getúlio Vargas, democratizava-se.

ASSUNTO(S)

architecture arquitetura escolas são paulo (sp) schools

Documentos Relacionados