Controle da antracnose (Colletotrichum gloeosporioides) pós-colheita do maracujá-amarelo (Passiflora edulis f. flavicarpa) por aplicações de fosfitos, água quente e 1-metilciclopropeno

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Atualmente, o Brasil é o maior produtor mundial de maracujá-amarelo (Passiflora edulis Sims f. flavicarpa Deg.). As podridões pós-colheita, principalmente a antracnose [Colletotrichum gloeosporioides (Penz.) Sacc.], têm causado grandes perdas na produção desta cultura. Na maioria das vezes o controle dessa doença é realizado com fungicidas. Visando a redução do uso de agroquímicos no controle da antracnose em maracujazeiro, objetivou-se neste estudo avaliar o efeito da aplicação de fosfitos, hidrotermia e 1-metilciclopropeno (1-MCP), além da combinação destes métodos sobre a doença e qualidade dos frutos (perda de massa fresca, pH, sólidos solúveis totais e acidez titulável). O patógeno foi isolado de frutos com sintomas típicos de antracnose oriundos da Ceasa-DF, de onde também foram obtidos os frutos para a realização dos experimentos. Antes da aplicação dos tratamentos, em todos os experimentos, os frutos (estágio de 0% de desidratação e com a casca totalmente amarela) foram descontaminados em álcool 10% / 1 min, hipoclorito de sódio 10% / 2 min e água destilada esterilizada / 1 minuto. Os frutos foram marcados em quatro pontos eqüidistantes na região mediana e no centro de cada marcação realizou-se um ferimento (2mm). Posteriormente, os frutos foram inoculados (50μl de suspensão 106 conídios/ml) e mantidos em câmara úmida (incubador com iluminação diária de 12h; 25C / 72h). Em seguida, os tratamentos foram aplicados e os frutos mantidos em incubador (iluminação diária de 12h; 25C) durante cinco dias, avaliando-se diariamente o diâmetro das lesões. Ao final das avaliações, realizou-se análise físico-química dos frutos. Nos experimentos realizados com fosfitos utilizou-se inicialmente dez fosfitos nas doses recomendadas pelos fabricantes Fosfito Cu (25% P2O5 + 5% Cu Fitofós Cu) - 2,5mL/L; Fosfito Zn (40% P2O5 + 10% Zn Phytogard Zn) - 2,5mL/L; Fosfito K1 (40% P2O5 + 20% K2O Phytogard K) 2,50mL/L; Fosfito Mg1 (30% P2O5 + 4% Mg Phytogard Mg) 3,0mL/L; Fosfito Ca1 (30% P2O5 + 7% Ca Phytogard Ca) - 3,0mL/L; Fosfito Ca2 (10% P2O5 + 6% Ca Fitofós Ca) - 4,0mL/L; Fosfito K2 (40% P2O5 + 20% K2O Fitofós K Plus) 1,50mL/L; Fosfito Mg2 (40% P2O5 + 6% Mg Fitofós Mg) - 1,5mL/L, Fosfito K3 (20% P2O5 + 20% K2O Nutex Premium 00-20- 20) 1,75mL/L; Fosfito K4 (30% P2O5 + 20% K2O Nutex Preminum 00-30-20) 1,75mL/L] e Carbendazim (Derosal - 1,0mL/L) imergindo-se os frutos em soluções com estes produtos (20 min). Frutos utilizados como testemunha receberam água destilada esterilizada por igual período. Quatro fosfitos [Mg2 (40% P2O5 + 6% Mg Fitofós Mg), Zn (40% P2O5 + 10% Zn Phytogard Zn), Ca1 (30% P2O5 + 7% Ca Phytogard Ca) e K1 (40% P2O5 + 20% K2O Phytogard K)] foram utilizados em experimentos em frutos combinados com CaCl2 (2%) e em experimentos in vitro em diferentes doses (25, 50, 100 e 200%) do recomendado pelo fabricante (1,5, 2,5, 3,0 e 2,5mL/L, respectivamente). Finalizando os experimentos com fosfitos, dois dos mais comumente utilizados [fosfito de K (K2 - 40% P2O5 + 20% K2O Fitofós K Plus) e Ca (Ca1 - 30% P2O5 + 7% Ca Phytogard Ca] foram testados em frutos, em quatro doses diferentes (25, 50, 100 e 200%) do recomendado pelo fabricante (1,5 e 3,0mL/L, respectivamente). Nos experimentos com 1-MCP foram utilizadas diferentes doses (0, 50, 100, 200 e 300 nL/L) do gás por dois períodos de exposição (12 e 24h). Com tratamento hidrotérmico foram realizados experimentos variando-se a temperatura (43, 45, 47, 49, 51 e 53C por 5 min) e o tempo de exposição dos frutos (2, 3, 4, 5 e 6 min a 47C). Os resultados obtidos foram os seguintes: nos experimentos realizados com dez fosfitos diferentes em frutos, três deles reduziram a severidade da doença [Fosfito K1 (40% P2O5 + 20% K2O Phytogard K), Fosfito K2 (40% P2O5 + 20% K2O Fitofós K Plus) e Fosfito Zn (40% P2O5 + 10% Zn Phytogard Zn)] . In vitro, todos os fosfitos em todas as doses testadas foram eficientes na redução do crescimento micelial e da produção de conídios de C. gloeosporioides, embora em frutos, associados ao CaCl2, os tratamentos com esses mesmos fosfitos não tenham sido estatisticamente diferentes da testemunha e do tratamento com fungicida no 1 experimento. No 2 experimento, os fosfitos Ca1 (30% P2O5 + 7% Ca Phytogard Ca) e K1 (40% P2O5 + 20% K2O Phytogard K), em associação ao CaCl2, foram eficientes na redução da severidade da doença. O 1-MCP, nas doses e tempos de exposições testadas, não reduziu a antracnose em frutos de maracujazeiro. Nos experimentos com tratamento hidrotérmico, os melhores resultados foram alcançados pelos tratamentos com temperatura de 47 e 49C e com tempo de exposição dos frutos de 4 e 5 min. Em função desses resultados, os experimentos combinados foram realizados aplicando-se inicialmente o tratamento hidrotérmico (47 e 49C/ 4 e 5 min) e em seguida imergindose os frutos por 20 min em soluções com os fosfitos K2 (FK2) e Zn (FZn). No primeiro experimento, as combinações FK2 ou FZn/47C/5min e FZn/47/4min reduziram significativamente a severidade da doença em relação à testemunha e ao tratamento com o fungicida. No segundo experimento, as combinações FK2/47C/4 ou 5 min, FZn/47C/4 ou 5 min e FZn/49C/5min reduziram significativamente a severidade da doença em relação à testemunha e ao tratamento com o fungicida, sendo essa redução mais acentuada nas combinações FZn/47C/4 ou 5 min. Nenhum dos tratamentos aplicados alterou significativamente as propriedades físico-químicas analisadas.

ASSUNTO(S)

antracnose maracujá ciencias biologicas controle pós-colheita

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