Contribuição para a análise das interferências mercadológicas nos currículos escolares

AUTOR(ES)
FONTE

Revista Brasileira de Educação

DATA DE PUBLICAÇÃO

2011-12

RESUMO

O artigo almeja contribuir para o conhecimento do modo como se definem os currículos escolares no Brasil, com ênfase no setor público. Assumindo o pressuposto de que a débil autonomia do campo educacional brasileiro propicia a intervenção de forças externas a ele, o texto identifica duas vertentes do mercado - a econômica e a ideológica - como relevantes para se entender a heteronomia do campo educacional. A vertente ideológica abrange a instrumentalização de instituições educacionais para a inculcação de valores e padrões de comportamento definidos como legítimos por entidades privadas, tais como as religiosas e as partidárias. A vertente econômica compreende tanto a venda de mercadorias para consumo das instituições educacionais (a oferta gerando a demanda), quanto a reserva de mercado para profissionais, empresas e organizações não governamentais. O autor reconhece que ambas as vertentes são úteis para efeitos analíticos, mas adverte contra sua reificação, já que os processos concretos não fazem tal distinção. Assim, a venda de mercadorias, a reserva de mercado e os projetos de socialização configuram os currículos escolares tão ou mais decisivamente do que os embates das concepções propriamente pedagógicas. O artigo conclui que a "invasão" do campo educacional pelos mercados dificulta a ampliação de sua autonomia, o que, por sua vez, facilita a "invasão", gerando um processo de ação recíproca viciosa.

ASSUNTO(S)

política educacional ideologia mercado currículo privatismo

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