Consumo de alimentos entre adolescentes de comunidades pesqueiras do Rio Grande do Norte(RN)

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

O consumo alimentar é um método indireto de avaliação do estado nutricional e pode contribuir como indicativo precoce para intervenções nutricionais em saúde pública, bem como fornecer subsídios para as políticas nacionais de alimentação e nutrição. As práticas alimentares e o consumo alimentar inadequados, ao atingir crianças e adolescentes, podem relacionar-se com maior probabilidade de morbi-mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis quando adultos. O objetivo deste estudo foi identificar as práticas alimentares e avaliar o consumo dietético entre adolescentes de comunidades pesqueiras do Rio Grande do Norte, na tentativa de verificar a sua (in)segurança nutricional, bem como, conhecer a ingestão energética, analisar possíveis associações entre a inadequação dos macronutrientes com o sexo e a faixa etária, estimar a prevalência de ingestão inadequada de micronutrientes e identificar práticas alimentares em torno do consumo de pescado. Trata-se de um estudo transversal com 201 adolescentes entre 10-19 anos, de comunidades pesqueiras do município de Macau-RN, 2008. As práticas alimentares referentes ao consumo de pescado foram identificadas por um questionário estruturado. O consumo alimentar foi obtido por recordatório de 24 horas, com auxílio de um registro fotográfico de alimentos e utensílios. As informações dietéticas foram ajustadas pela variabilidade intra e interpessoal, conforme a Iowa State University. Para estimar o gasto energético total dos adolescentes, utilizou-se a equação da Estimated Energy Requirement (EER). A análise dos carboidratos, proteínas, vitaminas e os minerais fósforo, magnésio, zinco e ferro, realizou-se pela Estimated Average Requirement (EAR); fibras, cálcio e sódio, pela Adequate Intake (AI); lipídios totais, pelos Acceptable Macronutrient Distribuition Ranges (AMDR) e o teor e qualidade das gorduras, pelas recomendações da Academia Americana de Pediatria. Foram calculadas estatísticas descritivas e as diferenças entre medianas verificadas pelo teste de Kruskal-Wallis. Para detectar associações entre variáveis, utilizou-se a Razão de Prevalência (IC95%), o teste de Mantel-Haenszel (p-valor <0,05) e regressão logística múltipla entre nutrientes selecionados e as variáveis sexo e faixa etária. A faixa etária predominante foi de 10-13 anos (70,1%) e o sexo foi o masculino (59,2%). O modo de preparo do pescado mais utilizado foi a fritura (peixes: 76,8%; mariscos: 46,1%), com consumo per capita médio de 94g. A maior prevalência de inadequação foi o consumo excessivo de lipídios (meninas: 47,6%; meninos: 26,0%; RP=1,95, IC95%1,25-3,04) e de ácidos graxos saturados (meninas: 24,4%; meninos: 10,1%; RP=2,42, IC95% 1,25-4,67). Os adolescentes de 14-18 anos tiveram 3,05 (IC95% 1,35-6,93) mais chances de consumir ácidos graxos saturados acima da recomendação do que os de 10-13 anos. As maiores prevalências de inadequação para os micronutrientes com consumo inferior foram para o fósforo entre o sexo feminino (80%) e o magnésio entre o sexo masculino (98%). As prevalências de inadequação de lipídios totais e ácidos graxos saturados elevados, nas meninas e nos adolescentes de 14-18 anos, poderão representar indicador precoce para o surgimento de doenças crônicas não transmissíveis nesta população. A exposição à insegurança nutricional presente em parcela significativa dos macronutrientes e dos micronutrientes, poderá fornecer elementos para o controle da ingestão dietética adequada e para a prevenção de distúrbios nutricionais e doenças crônicas não transmissíveis, entre os adolescentes da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão, Macau, RN (Brasil).

ASSUNTO(S)

consumo de alimentos adolescentes insegurança nutricional práticas alimentares pescado nutricao food intake adolescents nutrition insecurity food habits fish

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