Conservação de invertebrados em áreas urbanas : um estudo de caso com formigas no cerrado brasileiro / Conservation of invertebrates in urban areas: a study of case with ants in the brazilian cerrado

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

Alguma das maiores ameaças à manutenção da diversidade biológica têm sido o crescimento e a expansão da população humana, aumentando a exploração dos recursos e modificando a forma de uso da terra em ecossistemas naturais. Uma estratégia de conservação em paisagens urbanizadas tem sido a criação e manutenção de praças e parques urbanos o que disponibiliza um ambiente menos perturbado. Porém, poucos estudos têm dado atenção sobre a ecologia das comunidades de formigas nessas áreas. Assim, foi avaliado o potencial de praças e parques urbanos para a conservação de formigas dentro de uma paisagem urbana. O trabalho foi realizado no município de Uberlândia (MG), em doze praças, dois parques e três áreas naturais. Foram medidas a área total, área de pavimentação, cobertura arbórea, taxa de visitação pública e distância até o centro urbano. Para a coleta de formigas foi utilizado o método de armadilhas de solo, usando sardinha em óleo vegetal como atrativo. As armadilhas permaneceram nos locais por 48 horas e, depois de recolhidas, as formigas foram montadas e identificadas. Praças, parques e reservas apresentaram diferenças em relação as variáveis medidas, havendo ainda uma forte e significativa correlação entre as variáveis ambientais. Foram obtidos 3.125 registros de formigas, pertencentes a 142 espécies, sendo que o número médio e a riqueza de espécies por transecto foi maior nas reservas do que nos outros três ambientes, e maior nos parques e praças de bairro dos que nas praças de centro. A curva de acumulação de espécies para praças de centro indica que a maioria das espécies deste ambiente foi capturada com o esforço amostral. Houve uma relação negativa entre a abundância de espécies exóticas e o número total de espécies de formigas registrado por transecto, sendo Pheidole megacephala a espécie responsável pelo padrão observado, não ocorrendo espécies exóticas nos parques e reservas. Apenas área e distância do centro urbano mostraram relação significativa e positiva com a riqueza de espécies de formigas. Também foi observadas diferenças na composição de espécies entre as áreas mais preservadas e as praças. Algumas espécies ainda apresentaram forte associação com essas áreas, podendo indicar o estado de conservação dos ambientes estudados. Dentro do meio urbano, os parques apresentaram maior valor de conservação. No entanto, as praças de bairro podem sustentar uma alta riqueza de espécies, especialmente em praças maiores e naquelas próximas a áreas naturais. A presença da espécie Pheidole megacephala mostrou-se se um fator importante na riqueza de espécies nas praças de centro, sendo que as comunidades de formigas destas praças parecem estruturadas mais por competição interespecífica do que pelos fatores ambientais. Os resultados deste estudo sugerem que algumas espécies de formigas podem ser consideradas indicadoras de áreas verdes urbanas, como Pheidole megacephala e Cardiocondyla wroughtonii, podendo ser utilizadas como bioindicadoras do potencial de conservação dessas áreas.

ASSUNTO(S)

urbanização valor de conservação pheidole megacephala comunidade de formigas bioindicadores ant communities bioindicators ecologia pheidole megacephala urbanization conservation value

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