Comportamento e práticas sexuais de idosos portadores do HIV/aids atendidos em um centro de referência no Distrito Federal

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Há quase três décadas, a epidemia de aids continua sendo caracterizada como um grave problema de saúde pública. No Brasil, a epidemia de HIV/aids em idosos vem aumentando nos últimos anos em resposta ao aumento das notificações de casos novos de aids e em conseqüência ao envelhecimento de pessoas infectadas pelo HIV. Esse estudo objetivou descrever o comportamento e práticas sexuais de idosos com HIV/aids atendidos na Unidade de Saúde Mista de Taguatinga DF. Trata-se de estudo epidemiológico transversal, descritivo, do tipo quantiqualitativo. O total de pacientes acompanhados no Programa Especial/aids da Unidade Mista de Saúde de Taguatinga DF com idade de 60 anos e mais foram 17 (dezessete), sendo possível a aplicação do instrumento de coleta de dados em 13 (treze) idosos, sendo 9 (nove) do sexo masculino e 4 (quatro) do sexo feminino. Houve predomínio de homens (69,2%), brancos (38,5%) com média de idade de 66,8 anos, nível de escolaridade que variou entre 8 e 12 anos de estudo (53,9%) e a maioria era proveniente da região Nordeste (61,6%). Quanto à ocupação, 76,9% estavam aposentados e 30,8% encontravam-se morando sozinhos. O conceito de velhice para o grupo de idosos estudados foi expressa de formas diferentes, sendo descrita positivamente em 7 (sete) falas, negativamente em 4 (quatro) falas e dificuldades foram relatadas em 2 (duas) falas, visto a velhice estar associada à ocorrência de HIV/aids. A maioria referiu ser sexualmente ativo (77,0%), no entanto as mulheres em sua maioria referiram estar sem atividade sexual (75%). Observou-se que todos conheciam o preservativo, no entanto, apenas um pouco mais da metade da população desse estudo (69,2%) referiu fazer uso sempre da mesma. O não uso do preservativo foi justificado por preferência de relações sem o uso do preservativo e não dispor do preservativo no momento da relação sexual. Os idosos referiram que foram contaminados por via sexual (61,5%) e em relações heterossexuais (76,9%). Tinham conhecimento prévio sobre os meios de transmissão do vírus da aids e sobre a segurança nas práticas sexuais. Todos os idosos relataram participação em palestra sobre DST/HIV/aids e destacaram a televisão e a unidade de saúde como meios de obtenção de informações sobre DST/HIV/aids. O uso de drogas ilícitas e medicamentos não foram relatados, apenas o uso de álcool (23,1%) e fumo (46,1%). A dinâmica da prestação dos serviços teve avaliação positiva, especialmente por dispor das medicações anti-retrovirais, insumos e profissionais acolhedores. Esse estudo corrobora com outros acerca da necessidade de instituírem-se campanhas preventivas direcionadas ao segmento idoso, visto as limitações encontradas pelos mesmos quanto ao uso do preservativo. Recomendam-se programas de educação em saúde direcionados ao idoso, abordagem à sua sexualidade e uma melhor sensibilidade para a suspeita e investigação de casos de aids em idosos. É preciso mais que medicações para cuidar do idoso portador do vírus HIV/aids, pois o envelhecimento envolve múltiplas facetas e envelhecer com aids parece exigir um cuidado que envolva dimensões biológicas, psicológicas, sociais e espirituais desse grupo.

ASSUNTO(S)

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