Como deve ser o rastreamento para câncer de mama em mulheres com silicone? Há diferença na orientação sobre o autoexame das mamas?

AUTOR(ES)
FONTE

Núcleo de Telessaúde Rio Grande do Sul

DATA DE PUBLICAÇÃO

12/06/2023

RESUMO

Não há diferenças para o rastreamento de câncer de mama em mulheres com silicone, ou seja: elas devem fazer “a mamografia e o exame clínico das mamas (ECM), que são os métodos preconizados para o rastreamento na rotina da atenção integral à saúde da mulher no Brasil ” (2). Se necessário, complementar, a CRITÉRIO MÉDICO, com a ecografia mamária. No entanto, ao realizar a mamografia nas mulheres portadoras de prótese de silicone, a orientação é ” fazer incidências básicas usando a Técnica de Eklund, se for possível. A técnica permite melhor visibilização do parênquima mamário, de mais fácil execução na localização retropeitoral e não deve ser usada quando há contratura capsular (o implante está fixo  e endurecido pela cápsula fibrosa). Consiste em “empurrar” o implante de encontro ao tórax e “puxar” a mama. A placa compressora comprime a mama livre de quase todo (em alguns casos de todo) o implante.”(1) Não há diferença na orientação sobre o autoexame das mamas: o INCA não estimula o autoexame das mamas como método isolado de detecção precoce do câncer de mama. A recomendação é que o exame das mamas pela própria mulher faça parte das ações de educação para a saúde que contemplem o conhecimento do próprio corpo. Evidências científicas sugerem que o autoexame das mamas não é eficiente para a detecção precoce e não contribui para a redução da mortalidade por câncer de mama. Além disso, traz consequências negativas, como aumento do número de biópsias de lesões benignas, falsa sensação de segurança nos exames falsamente negativos e impacto psicológico negativo nos exames falsamente positivos. Portanto, o exame das mamas feito pela própria mulher não substitui o exame físico realizado por profissional de saúde (médico ou enfermeiro) qualificado  para essa atividade. (2)

Em relação à ruptura de próteses mamárias, estão disponíveis as  “Diretrizes do Ministério da Saúde para acompanhamento e tratamento de pacientes portadores de implantes mamários da marca PIP (

) e Rofil”. A Sociedade Brasileira de Mastologia  recomenda “que todas as pacientes portadoras de próteses de silicone da marca PIP de caráter reparador ou estético sejam convocadas para uma avaliação médica pelo cirurgião responsável e que sejam submetidas a uma ressonância magnética das mamas para avaliar a integridade das próteses e, dentro de critérios clínicos adequados e individualizados, as pacientes possam trocar estas próteses em caráter eletivo.”

No Brasil, a mamografia e o exame clínico das mamas (ECM) são os métodos preconizados para o rastreamento na rotina da atenção integral à saúde da mulher. A recomendação para as mulheres de 50 a 69 anos é a realização da mamografia a cada dois anos e do exame clínico das mamas anual. A mamografia nesta faixa etária e a periodicidade bienal é a rotina adotada na maioria dos países que implantaram o rastreamento organizado do câncer de mama e baseia-se na evidência científica do benefício desta estratégia na redução da mortalidade neste grupo. Para as mulheres de 40 a 49 anos, a recomendação é o exame clínico anual e a mamografia diagnóstica em caso de resultado alterado do ECM. Segundo a OMS, a inclusão desse grupo no rastreamento mamográfico tem hoje limitada evidência de redução da mortalidade . Uma das razões é a menor sensibilidade da mamografia em mulheres na pré-menopausa devido à maior densidade mamária. Além desses grupos, há também a recomendação para o rastreamento de mulheres com risco elevado de câncer de mama, cuja rotina deve se iniciar aos 35 anos, com exame clínico das mamas e mamografia anuais . Segundo o Consenso de Mama, risco elevado de câncer de mama inclui: história familiar de câncer de mama em parente de primeiro grau antes dos 50 anos ou de câncer bilateral ou de ovário em qualquer idade; história familiar de câncer de mama masculino; e diagnóstico histopatológico de lesão mamária proliferativa com atipia ou neoplasia lobular in situ [9]. A definição sobre a forma de rastreamento da mulher de alto risco não tem ainda suporte nas evidências científicas atuais e é variada a abordagem deste grupo nos programas nacionais de rastreamento.

Recomenda-se que as mulheres com risco elevado de câncer de mama tenham acompanhamento clínico individualizado.

ASSUNTO(S)

apoio ao diagnóstico enfermeiro x43 outros procedimentos diagnósticos autoexame de mama géis de silicone implantes de mama neoplasias da mama prevenção e controle do câncer

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