Clandestina, a vida de Iara Iavelberg em dois roteiros / Clandestine, the life of Iara Iavelberg in two scripts

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

13/02/2009

RESUMO

Esta dissertação de Mestrado consiste na elaboração de dois roteiros (um de ficção e outro de documentário) sobre a guerrilheira Iara Iavelberg. O roteiro de ficção vai narrar a vida de Iara, uma das líderes do movimento estudantil dos anos 60. Estudante de Psicologia da USP e, posteriormente, professora do cursinho do Grêmio e da própria Universidade, Iara militou na POLOP (Organização Revolucionária Marxista-Política Operária), VPR (Vanguarda Popular Revolucionária, organização simpatizante de Che Guevara), VARPALMARES e no MR-8. Durante o período mais radical da ditadura militar no país, ela entrou para a clandestinidade, participou ativamente da luta armada e viveu um intenso romance com Carlos Lamarca. Iara foi cruelmente assassinada em agosto de 1971, mas na época, a versão oficial foi que ela teria cometido suicídio durante um cerco policial em Salvador (BA). Tanto os documentos de sua autópsia, quanto os que relatam a cena do crime desapareceram. Este é um filme de personagem, que acompanha a trajetória de Iara sem querer dar explicações didáticas sobre o momento político. Os fatos históricos são mostrados quando estes se relacionam diretamente com o movimento dos personagens, como é o caso da montagem do cerco que provocou a queda do aparelho de Iara. O longa vai se tornando cada vez mais claustrofóbico e mais centrado nas oscilações emocionais de Iara, na medida em que o cerco vai se fechando, e ela e Lamarca ficam cada vez mais procurados e isolados. E, sobretudo, é um filme de amor, dentro do qual as cartas de Iara e Lamarca são fundamentais na estruturação do roteiro. No roteiro, o personagem Iara é construído por intermédio da intersecção de múltiplas representações, entre elas: contexto político e ideológico, perfil biográfico, vida familiar, relações interpessoais e vida afetiva. Também foram utilizados: fotos de arquivo, trechos de filmes, jornais e noticiários da época; e fragmentos do diário de Carlos Lamarca, com cartas escritas para Iara, pouco tempo antes da morte do capitão. Nos últimos anos de suas vidas Iara e Lamarca se apaixonaram. Nesta época Iara passou por diversos aparelhos, localizados em diferentes cidades do Brasil, utilizou uma infinidade de nomes de guerra e disfarces, fez treinamento no Vale do Ribeira, soube da tortura e morte de muitos amigos. Apesar do medo e da evidente desestruturação que o regime militar impôs aos movimentos revolucionários, Iara optou junto com Lamarca a ficar no país e resistir até o fim. O roteiro do documentário Suicídio? é construído a partir de uma linha narrativa principal, que trata das questões sobre a exumação do corpo de Iara Iavelberg, e investiga as reais circunstâncias de sua morte; que jamais foram de fato esclarecidas: nem através da imprensa, e muito menos através dos livros. Este filme não será uma biografia sobre uma personalidade histórica; mas uma investigação, um processo de busca atual e inédito que busca esclarecer para o grande público um episódio que aconteceu na história brasileira, no auge da ditadura militar e que até hoje permanece cercado de mentiras, lacunas e contradições. Todos os livros sobre este tema publicados até hoje (que foram na sua grande maioria escritos nos anos 80), não fazem uma investigação detalhada sobre a morte da guerrilheira. E mais: de acordo com estas publicações, Iara se suicidou; fato que não é compatível com o recente resultado da exumação de seu corpo. Como exemplo destas publicações estão os livros: Lamarca, de Emiliano José; Iara, de Judith Patarra; e A Ditadura Escancarada, de Elio Gaspari; no qual apesar do autor de maneira sutil não se comprometer com a versão de suicídio, ele confirma a versão da ditadura ao aceitar a história de um suposto garoto que encontra Iara em um quarto. Também no filme Lamarca, de Sérgio Rezende, a personagem de Iara (Clara) comete suicídio. Esta linha narrativa do roteiro também é composta por depoimentos de personalidades históricas que conviveram intimamente com Iara, principalmente na sua fase de mudança da VPR para o MR-8, e da viagem para Salvador (local no qual ela morreu). Este período final da vida de Iara foi escolhido pelo fato dele nunca ter sido retratado com exatidão. Através dos depoimentos, serão investigados os motivos pelos quais Iara e Lamarca viajaram para a Bahia, como foi organizado este deslocamento e porque o aparelho de Iara caiu. Os entrevistados também vão falar sobre como era a personalidade dela, desenhando assim uma segunda linha narrativa que surgirá no filme sempre fragmentada, intercalada com o desenvolvimento das investigações sobre a morte da guerrilheira. Além disso, fazem parte desta segunda linha, fotos de Iara e material de arquivo da época (imagens e fotos).

ASSUNTO(S)

roteiros cinematograficos documentario (cinema) script cinema haberkorn iara

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