Ciclagem de nutrientes por árvores em sistemas agroflorestais na Mata Atlântica / Nutrient cycling by tree in agroforestries systems in Atlantic Forest

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Os sistemas agroflorestais são efetivos em melhorar e conservar a qualidade do solo. As árvores presentes nestes sistemas absorvem nutrientes de camadas profundas do solo e aportam continuamente material orgânico, gerando impactos à superfície e abaixo da superfície do solo. O objetivo deste trabalho foi estudar características envolvidas na ciclagem de nutrientes de espécies arbóreas, visando contribuir para a formulação de estratégias de manejo de sistems agroflorestais. As espécies selecionadas para o estudo foram o ipê-preto (Zeyheria tuberculosa), o açoita-cavalo (Luehea grandiflora), o mulungu (Erythrina verna), o fedegoso (Senna macranthera), o ingá (Ingá subnuda), o papagaio (Aegiphila sellowiana) e o abacate (Persea americana). A produção de biomassa aérea, o aporte de material senescente das espécies, os teores e conteúdos de nutrientes na parte aérea, foram avaliados no período de novembro/2005 a outubro/2006. Também avaliou-se a taxa de decomposição e de liberação de nutrientes dos resíduos e os teores de componentes químicos e bioquímicos que interferem na decomposição e liberação de nutrientes destes materiais. As maiores produções de biomassa da parte aérea das espécies (kg ano-de matéria seca por árvore, MS) foram observada para o mulungu (135,4), fedegoso (120,4), açoita-cavalo (99,0), abacate (81,7), e ingá (39,3). Quanto ao material senescente, os maiores aportes (kg ha- ano- de MS) foram observados para o fedegoso (6.086,9), ingá (4.331,2), açoita-cavalo (2.397,7) e abacate (2.004,5). Algumas espécies apresentaram realocação de nutrientes sendo esta maior para P (abacate e fedegoso), N (papagaio e mulungu) e K (papagaio, fedegoso e abacate) chegando a valores de 73% para a realocação de P em abacate. As espécies que aportaram o maior conteúdo de nutrientes por meio do material senescente foram o fedegoso, o ingá, o açoita- cavalo e o abacate. Para o conjunto das espécies o aporte de nutrientes via material senescente não variou significativamente entre as estações, mas variou segundo os órgãos das plantas, sendo as folhas, o órgão da planta que mais aportou nutrientes. Entretanto, o aporte de nutrientes de cada espécie variou entre as estações e órgãos da planta. A taxa de decomposição medida pela evolução de C-CO2 foi maior para o fedegoso, o mulungu, o ipê-preto e o papagaio e menores para o abacate, o ingá e o açoita-cavalo. Lignina/N e lignina + polifenol/N, foram as relações que melhores correlacionaram com a taxa de decomposição dos materiais das diferentes espécies. Entre as leguminosas, o mulungu e fedegoso tiveram a maior taxa de decomposição, medida utilizando litterbag, e ingá a menor. As maiores porcentagens de fixação biológica de nitrogênio foram verificadas para o mulungu (22,6 %) e ingá (20,6%). Os nutrientes mais rapidamente disponibilizados do resíduo das espécies leguminosas foi o K. Os mais lentos foram o Mg e o Ca. O material aportado pelas espécies possuem características, e também, dinâmicas de decomposição e liberação de nutrientes diferentes. O entendimento destas características e destes processos podem contribuir para desenhar sistemas sistemas agroecológicos familiares conciliando a produtividade e a conservação do solo e da diversidade. Quando usadas de forma diversificada, essas espécies podem contribuir para uma ciclagem de nutrientes constante e equilibrada nestes sistemas. Portanto a diversificação dos sistemas agroflorestais permite a melhor utilização do potencial em ciclar nutrientes das árvores nativas da Mata Atlântica.

ASSUNTO(S)

ciencia do solo agroecologia agricultura familiar soil quality agroecology family agriculture qualidade do solo

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