Caracterização molecular na deficiencia de antitrombina

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1999

RESUMO

A At é o mais importante inibidor da trombina, além de inativar todos os outros fatores ativos da coagulação, com uma menor atividade sobre o fator VII ativado. O grau de inibição da trombina, do fator X ativado e do fator IX ativado é muito lenta. Esta inibição é dramaticamente aumentada na presença de heparina, tornando-se virtualmente instantânea, tanto in vivo quanto in vitro. A deficiência de AT está associada a fenômenos tromboembólicos em humanos. De fato, a deficiência de A T foi a primeira causa descrita de trombofilia hereditária. A importância da manutenção de níveis normais de A T na circulação pode ser avaliada pelo fato de que, indivíduos heterozigotos para deficiência de A T podem apresentar quadro de tromboembolismo de repetição. A freqüência de deficiência congênita de A T não é incomum, estando por volta de 1/5000 e 1/2000 na população geral. Contudo, dependendo do tipo de deficiência, esta freqüência pode ser de 1/500. A incidência de deficiência de AT em pacientes com trombofilia é de aproximadamente 3%. O modo de herança é autossômico dominante, e os heterozigotos apresentam concentração plasmática de A T ao redor de 40 - 70% do normal. A deficiência de A T foi classificada em 2 tipos: Til?o 1 é caracterizada pela redução da atividade e dos níveis de antígeno; Tipo II é caracterizada pela alteração da atividade associada a níveis normais de antígeno. O tipo II se subdivide em 3: Subtipo RS - anormalidade do sítio ativo, Subtipo HBS - anormalidade do sítio de ligação com a heparina, Subtipo PE anormalidade do sítio ativo e do sítio de ligação com a heparina. O gene da ATestá localizado no cromossomo 1, na região 1q23~1q25 e inclui 7 exons, numa extensão de 13.480 pb. De acordo com o "database" de mutações no gene da AT, publicado em 1997 por LANE et aI., foram descritas 127 mutações, sendo que 60 das substituições nucleotídicas encontradas nos propósitos eram mutações "missense", 8 eram mutações" nonsense" , e 7 eram mutações em sítio de clivagem. Dentre estas mutações 16 ocorreram em dinucleotídeos CpG. Foram descritas 12 inserções e 40 deleções. Também foram descritos um total de 13 polimorfismos. Neste trabalho foram estudados cinco pacientes com deficiência de A T que apresentaram trombose espontânea (3 pacientes) ou associada ao uso de anticoncepcional oral (2 pacientes). O estudo familiar também foi realizado, contribuindo para uma melhor identificação da deficiência hereditária de A T. O rastreamento de alterações moleculares foi realizado pelo SSCP e CSGE, que se mostraram complementares. Com o uso do método de SSCP detectou 4 padrões anormais: um padrão anormal referente a dois polimorfismos no exon 4 (7596G~A e 7626G~A) em 2 pacientes; outro padrão referente à mutação +1 IVS5 G~A em 1 paciente; outro referente à mutação 13328 G~A no exon 6, com a troca do aminoácido alanina por treonina na posição 404, em um paciente, e outro no exon 3A, provavelmente decorrente da inserção ou deleção na posição 5379. O CSGE revelou 4 padrões anormais: um padrão referente a um polimorfismo no IVS5 - 9893 G~C , em 2 pacientes; outro padrão correspondente à mesma mutação também determinada pelo SSCP, +1 IVS5 G~A em 1 paciente; outro padrão referente à mutação +5 IVS1 G~A em 1 paciente, e outro padrão anormal, também rastreado pelo SSCP, localizado no exon 3A, provavelmente decorrente da inserção ou deleção na posição 5379. Todos os polimorfismos identificados já foram descritos anteriormente, e não parecem ter relação com a deficiência de antitrombina. A mutação 13328 G~A no exon 6 já havia sido descrita em 3 outras famUias com deficiência de antitrombina, e parece interferir com o sítio de ligação com a heparina e com o sítio reativo. Em nosso paciente esta foi uma mutação de novo, confirmada por estudo de paternidade. As outras 2 mutações ainda não foram descritas e ocorreram em sítios de clivagem do RNA, com troca de um G por um A nas posições +1 e +5, nos introns 5 e 1, respectivamente. Estas regiões são altamente conservadas no gene, conhecidas com regiões consenso. Mutações que ocorrem nesse região, em outros genes são responsáveis por outras doenças, como a hemofilia A, hemofilia B, deficiência de proteína C e S, e ~-talassemia. Além disso, o estudo familiar mostrou que houve segregação da mutação com a deficiência. Apesar" da deficiência de antitrombina em heterozigose apresentar um risco relativo de trombose de 5 vezes, este estudo mostrou que muitos familiares são portadores assintomáticos, o que favorece a hipótese de que outros fatores ainda não identificados devem contribuir para a clínica de trombose. Outros fatores de risco para trombofilia como deficiência de proteína C, proteína S, e mutações no gene da protrombina, não estavam presentes em nenhum dos pacientes. As mutações no gene do fator V (fator V Leiden) e da MTHFR estavam presentes apenas no paciente com a mutação de novo

ASSUNTO(S)

genetica molecular trombose

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