Caracterização e avaliação do potencial antioxidante de mangas (Mangifera indica L.) cultivadas no Estado de Minas Gerais / Characterization and evaluation of antioxidant potential of mango (Mangifera indica L.) growing in Minas Gerais

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

A mangicultura é uma importante atividade econômica nos âmbitos nacional e internacional. A agroindústria da manga é também um setor em crescimento nos mercados interno e externo, e a expectativa dos produtores é de ampliação do mercado consumidor. Para isso, a divulgação de informações relacionadas ao valor nutricional e funcional da manga pode agregar valor à fruta e aos seus produtos, resultando em aumento de consumo e de competitividade no mercado. A polpa de manga apresenta potencial para ser uma ótima fonte dietética de antioxidantes, por apresentar em sua composição carotenóides, ácido ascórbico e compostos fenólicos, os quais são moléculas com função antioxidante no meio biológico. Também os resíduos da agroindústria da manga, constituídos de casca e caroço, possuem compostos fenólicos que atribuem a eles a propriedade de serem uma fonte de antioxidantes, destinados a usos diversos. Entretanto, não foram identificados trabalhos na literatura enfocando o potencial antioxidante da polpa e de resíduos de mangas cultivadas no Brasil. Assim, foi proposto um estudo sobre o potencial antioxidante da polpa de quatro variedades de manga de valor comercial (Haden, Palmer, Tommy Atkins e Ubá), cultivadas em Minas Gerais, e do resíduo da agroindustrial da manga da variedade Ubá. O estudo foi desenvolvido com as mangas no estádio maduro, por meio da quantificação de constituintes antioxidantes (ácido ascórbico, carotenóides totais, β-caroteno, fenólicos totais), dos testes de atividade antioxidante in vitro e dos ensaios biológicos, utilizando-se ratos wistar. Utilizaram-se mangas no estádio maduro, sendo os frutos caracterizados em firmeza e a polpa em sólidos solúveis totais e cor. Verificou-se que os teores de ácido ascórbico da polpa das mangas foram de 15,69; 9,79; 10,54 e 77,71 miligramas por 100 gramas para as variedades Haden, Tommy Atkins, Palmer e Ubá, respectivamente. As mangas Haden e Tommy Atkins apresentaram teores de ácido ascórbico estatisticamente iguais; entre as demais variedades, houve diferença estatística no teor da vitamina. O teor de carotenóides totais variou de 1,91 a 2,63 microgramas por 100 gramas, e não houve diferença significante entre as variedades Tommy Atkins, Palmer e Ubá; a manga Haden apresentou teor de carotenóides totais estatisticamente menor do que o das demais. Os teores de β-caroteno diferiram estatisticamente entre as quatro variedades, sendo de 888,00; 608,39; 661,27 e 2.221,00 microgramas por 100 gramas para as variedades Haden, Tommy Atkins, Palmer e Ubá, respectivamente. Os teores de fenólicos totais diferiram entre as quatro variedades e foram de 62,10; 48,40; 128,20 e 208,70 miligramas de equivalentes de ácido gálico por 100 gramas para as mangas Haden, Tommy Atkins, Palmer e Ubá, respectivamente. Os teores de zinco variaram de 0,249 a 0,330 miligramas por 100 gramas de polpa e foram estatisticamente iguais entre as quatro variedades. Não houve diferença estatística entre os teores de ferro, que variaram de 0,121 a 0,298 miligramas por 100 gramas de polpa. Os teores de cobre variaram de 0,081 a 0,097 microgramas por 100 gramas, e Palmer e Ubá apresentaram teores estatisticamente iguais (0,083 e 0,081 microgramas por 100 gramas, respectivamente); Haden apresentou teor mais elevado (0,097 micrograma por 100 gramas); e Tommy Atkins, teor estatisticamente menor (0,077 micrograma por 100 gramas). Todas as quatro variedades apresentaram potencial antioxidante nos testes químicos, mas houve diferença significante entre as variedades, sendo a manga Ubá superior nos testes. Verificou-se diferença entre as variedades de mangas quanto ao teor de quercetina, mangiferina e kaempherol. A mangiferina foi detectada na polpa das variedades Ubá, Haden e Tommy Atkins; a quercetina, apenas nas variedades Ubá e Haden; e o Kaempherol, apenas na variedade Ubá. Nos ensaios biológicos, verificou-se que a suplementação da ração comercial de ratos wistar com polpa de manga liofilizada a 10% resultou em aumento do marcador de peroxidação de lipídio, avaliado pelo teste das substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico, tanto na ausência quanto na presença do estresse oxidativo induzido por diclofenaco, sugerindo a ocorrência do efeito prooxidante. Nos ensaios biológicos com a suplementação da ração AIN-G com polpa de manga liofilizada a 3%, observou-se redução da peroxidação de lipídios, evidenciando o efeito antioxidante, na presença e ausência do estresse oxidativo induzido por paracetamol. Os resíduos da agroindústria da manga Ubá apresentaram teor de fenólicos totais por quilo de matéria seca de 48,95 miligramas de equivalentes de ácido gálico na casca e de 68,45 miligramas de equivalentes de ácido gálico no caroço. A casca e a semente contêm mangiferina nas concentrações de 270,5 e 46,5 miligramas por quilo de material seco, respectivamente. A casca contém quercetina na quantidade de 785,3 miligramas por quilo de material seco e kaempherol na quantidade de 35,3 miligramas por quilo de material seco. Os extratos hidroalcoólicos dos resíduos mostraram potencial antioxidante comparável ao dos antioxidantes butil-hidroxianisol BHA e ácido gálico.

ASSUNTO(S)

mangiferina quercetina mangifera indica mangiferin mangifera indica quimica, fisica, fisico-quimica e bioquimica dos alim. e das mat.-primas alimentares antioxidant potential potencial antioxidante quercetin

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