Caracterização das manifestações neuropsicolingísticas em crianças com epilepsia rolândica / Characterization of neuropsychological manifestations in children with rolandic epilepsy

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

A epilepsia benigna da infância com pontas centrotemporais (rolândica) é a forma mais freqüente de epilepsia na infância. Esta síndrome epiléptica é classificada como sendo genética, idade-dependente e de evolução benigna. Apesar do prognóstico da epilepsia ser excelente, evidências recentes indicam que a epilepsia rolândica não é condição tão benigna, pois déficits cognitivos específicos podem ocorrer nesses pacientes. O objetivo desse estudo foi identificar a existência de alterações de linguagem em crianças com epilepsia rolândica e caracterizá-las, comparando a um grupo controle. O estudo incluiu 62 sujeitos durante o período de março de 2007 a dezembro de 2009. As crianças e adolescentes eram de ambos os gêneros (58% de meninos) e faixa etária de 7 a 15 anos e 11 meses (média de idade de 10,5 anos), e foram divididos em dois grupos: 31 pacientes consecutivos com diagnóstico clínico e eletrencefalográfico de epilepsia rolândica (grupo A) e 31 sujeitos do grupo controle (grupo C), sem queixas neurológicas, e pareados por sexo, idade e nível socio-econômico. Os dois grupos foram submetidos à avaliação neuropsicológica e fonoaudiológica, utilizando-se extensa bateria de testes. Os achados foram categorizados em: a) dislexia, a qual caracteriza-se por dificuldades na consciência fonológica, no reconhecimento e fluência na decodificação e soletração e desempenho ruim na memória verbal de curto prazo; b) outras dificuldades, caracterizam-se por dificuldades leves a moderadas que podem causar prejuízo na linguagem oral, escrita e conseqüentemente no aprendizado escolar, porém não caracterizam dislexia; e, c) sem dificuldades. Os resultados foram comparados e analisados estatisticamente. Os nossos dados mostraram que dislexia ocorreu em 19,4% e outras dificuldades em 74,2% dos nossos pacientes, sendo essas diferenças estatisticamente significantes quando comparadas ao grupo controle (p = 0,001). Os nossos achados também nos permitiram observar que: epilepsia rolândica pode não ter em seu quadro clínico a presença de alterações práxicas; crianças com epilepsia rolândica apresentaram maior incidência de outras dificuldades de linguagem escrita que podem prejudicar o desempenho escolar quando comparadas com crianças do grupo controle; a presença de atividade epileptiforme e o tipo de tratamento administrado interferiram na incidência de outras dificuldades nas crianças com epilepsia rolândica; a freqüência das crises, idade de início e tipo de crises não interferiram na incidência de dislexia nem de outras dificuldades nas crianças com epilepsia rolândica. Assim, concluímos que, crianças com epilepsia rolândica podem apresentar alterações de linguagem oral e escrita e essas alterações podem ser classificadas como dislexia

ASSUNTO(S)

epilepsia linguagem infância epilepsy language childhood

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