Biologia molecular de grupos sanguineos aplicada a medicina transfusional

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2001

RESUMO

Com a finalidade de avaliarmos se as técnicas moleculares, atualmente utilizadas na genotipagem de grupos sanguíneos, poderiam ser utilizadas com segurança em uma população com antecedentes étnicos diversos, foram estudadas 250 amostras de DNA de doadores voluntários de sangue, atendidos no Centro de Hematologia e Hemoterapia da Unicamp, previamente fenotipadas para os sistemas Rh, Kell, Duffy e Kidd. Nossos resultados demonstraram concordância entre o fenótipo e o genótipo, indicando que os primers utilizados e que foram desenhados de acordo com as sequências genômicas obtidas de indivíduos com ancestrais caucasianos, podem ser empregados na determinação dos genótipos de grupos sanguíneos em populações com antecedentes étnicos diversos. No sistema Duffy, 66% das amostras genotipadas como FY B foram fenotipadas como Fy(b-), devido à mutação no promotor eritróide GATA, o que demonstra que estes indivíduos são de fato FY B e, expressam a proteína Fyb em outros tecidos. Com o objetivo ainda de correlacionar os resultados dos fenótipos e genótipos dos sistemas Rh, Kell, Duffy e Kidd, em pacientes politransfundidos, e pelo fato de acreditarmos que a genotipagem molecular pode ser uma alternativa importante na determinação do perfil antigênico de pacientes portadores de anemias, em esquema de transfusão de sangue fenotipado, selecionamos dez pacientes portadores de beta talassemia homozigótica e quarenta pacientes portadores de anemia falciforme. A fenotipagem eritrocitária foi realizada por testes de hemaglutinação em gel, enquanto que a genotipagem foi realizada pelas técnicas de AS-PCR e PCR-RFLP. Discrepâncias entre o fenótipo e o genótipo foram encontradas em nove dos dez pacientes portadores de beta talassemia (90%) e, em seis dos quarenta pacientes portadores de anemia falciforme (15%). Para uma maior segurança de nossos resultados, em todos os pacientes que apresentaram resultados discrepantes entre a fenotipagem e a genotipagem, novas análises foram realizadas empregando-se DNA extraído de células do epitélio bucal e, todas confirmaram os resultados previamente obtidos em DNA extraído de leucócitos de sangue periférico. Nestes casos, tivemos a oportunidade de realizar nova determinação do fenótipo nas amostras das unidades de sangue transfundidas e pudemos verificar que os fenótipos pertenciam aos doadores e não aos receptores. Nossos resultados sugerem que a genotipagem de grupos sanguíneos contribui, substancialmente,na qualidade da transfusão de sangue fenotipado, sobretudo em pacientes que necessitam de transfusões de repetição, como por exemplo, pacientes portadores de anemia falciforme ou thalassemia. Nos casos onde a discrepância de resultados foi identificada, a nova conduta hemoterápica possibilitou um aumento na sobrevida das hemácias transfundidas e um aumento nos níveis de hemoglobina dos pacientes. Em conclusão, a genotipagem de grupos sanguíneos deve ser recomendada em pacientes dependentes de transfusão pois permite a seleção correta do sangue a ser transfundido. Auxilia portanto, na prevenção da aloimunização podendo diminuir os efeitos de potenciais reações hemolíticas

ASSUNTO(S)

acido desoxirribonucleico antigenos

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