Bauman e Adorno: sobre a posição do holocausto em duas leituras da modernidade

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Nos últimos anos, não apenas no Brasil, alguns autores têm se dedicado à investigação das principais (des)afinidades eletivas entre a obra do filósofo alemão Theodor W. Adorno, principal representante da primeira geração da assim chamada Escola de Frankfurt, e a obra de escritores mais recentes identificados com a perspectiva filosófica designada de pós-estruturalismo e com o controverso conceito de pós-modernismo. Uma tese que atravessa o esforço daqueles autores consiste no fato de a filosofia adorniana ter antecipado e teorizado sobre temáticas que são caras ao pós-estruturalismo e ao pós-modernismo. Este trabalho enceta uma tentativa de levá-lo adiante nesta dissertação, elencando, como interlocutor de Theodor W. Adorno, os escritos do sociólogo polonês de origem judaica, Zygmunt Bauman, cuja sociologia da pós-modernidade (ou da modernidade líquida), como inúmeros de seus comentadores pontuam, transita e retoma temáticas que são caras à teoria crítica da Escola de Frankfurt e ao pós-estruturalismo, mantendo-se nessa ambivalência. Considerando este quadro, a pesquisa investiga a maneira pela qual a sociologia de Bauman retoma e procura fazer avançar a consagrada crítica da razão instrumental adorniana, estabelecendo, como chave de leitura para evidenciar essa atualização, a presença de Auschwitz como chaga da modernidade na filosofia de um e na sociologia de outro. No esforço de traçar as (des)afinidades, procura ressaltar também os pontos em que as perspectivas teóricas de ambos se afastam, momento em que a psicologia social profunda (a psicanálise) e o papel desempenhado pela formação cultural (e a educação), no sentido da não repetição do passado nazi-fascista no presente, funcionam como uma espécie de divisor de águas entre a análise de Adorno e a de Bauman. Nesse movimento, analisa ainda a importância assumida pelo comportamento moral autônomo no trabalho dos dois, no sentido de se contrapor à frieza burguesa que está na base da racionalidade instrumental e que foi responsável pelo assassinato de milhões de judeus nos campos concentracionais e de extermínio, destacando alguns aspectos comuns entre a não acabada filosofia moral adorniana e a sociologia com uma consciência moral baumaniana, no que, como demonstrado no APÊNDICE, o filósofo moral Emmanuel Levinas ganha importância.

ASSUNTO(S)

theodor w. adorno zygmunt bauman escola de frankfurt de sociologia modernidade educação educacao

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