Avaliação prospectiva da evolução neurologica e neuropsicologica de pacientes com infecção pelo HIV : padrão da evolução, fatores determinantes e impacto de diferentes esquemas antirretrovirais

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2002

RESUMO

As alterações neurológicas em pacientes com infecção pelo mv -1 têm sidoobjeto de estudo de muitos clínicos desde o início da epidemia, na década de 80. Estas podem se manifestar desde a soroconversão até as fases mais tardias da infecção, sendo polimórficas e variantes em severidade. São também bastante freqüentes,com impacto na sobrevida e, sobretudo, na qualidade de vida desses pacientes. A demência associada ao mv -1 é classificada entre as demências subcorticais, caracterizada por um declínio cognitivo, motor e comportamental ao longo de semanas ou meses, em pacientes com infecção pelo mv -1. No entanto, os conhecimentos são limitados em relação à sua patogenia e fatores preditivos associados ao seu desenvolvimento, bem como em relação à mielopatia vacuolar. o tratamento antirretroviral específico para esta condição tem aspectos controversosem sua agenda. O AZT foi o primeiro medicamento antivira laplicado ao tratamento de pacientes com infecção pelo mv -1. Vários estudos de diferentes autores têm comprovado a sua eficácia na prevenção do declínio cognitivo e, por esta razão, é a droga mais utilizada no tratamento de alterações neurológicas virais primárias nessa população. Há, entrentanto, dados controversos sobre esta ação em outros medicamentos antirretrovirais, particularmente as novas e promissoras drogas, como os inibidores de proteases tendo alguns.autores relatado dados negativos na associação entre o seu uso e a prevenção do declínio cognitivo O intuito deste estudo foi realizar um acompanhamento prospectivo dos aspectos da evolução neurológica e neuropsicológica de pacientes com infecção pelo mv- 1, em tratamento com diferentes esquemas terapêuticos antirretrovirais, no sentido de identificar aspectos sóciodemográficos, clínicos, laboratoriais, virológicos, imunológicos e terapêuticos associados à esta evolução. Foram incluídos 88 pacientes virgens de tratamento antirretroviral, maiores de 18 anos, com intervalo de contagem de linfócitos CD4+ entre 50-250 células/ mm3 e livres de alterações neurológicas pregressas. Uma avaliação inicial foi aplicada com informações sobre idade, gênero, modo de contaminação, escolaridade, antecedentes neuropsiquiátricos, seguidos de avaliações clínicas, laboratoriais, neurológicas, psicopatológicas e neuropsicológicas, incluindo o Mini-exame do Estado Mental, Teste de Fluência Verbal, Teste do Dígito-símbolo, Teste de Memória Lógica do Wechsler, Teste de Memória de Números do Wechsler, Figura Complexa de Rey-Osterrieth, escala hospitalar de depressão e ansiedade e um teste tipo "screemng" para o abuso do álcooL os quais foram aplicados semestralmente durante 3 anos. Os dados foram analisados usando métodos descritivos e analíticos. Na comparação entre os grupos foram utilizados o teste do Quiquadrado, o teste exato de Fischer, o teste não paramétrico de Mann-Whitney, o coeficiente de correlação de Spearman, o GEE, a ANOVA e a área sob a curva, quando apropriados para estudar as evoluções neurológicas e neuropsicológicas desses pacientes antes e depois da instituição dos distintos tratamentos antirretrovirais - (AZT; IDV; AZT + IDV). Nos resultados, o grupo dos pacientes foi distribuído quanto ao gênero em 31,8% de homens e 68,2% de mulheres. A média de idade foi de 33 anos, com pólos de 18 e 67 anos. Resultados das análises de correlação do período pré-terapêutico: Os pacientes com sintomas clínicos correlatos à infecção pelo HIV-1 tiveram um significativo pior desempenho nas avaliações neuropsicológicas. A presença de neuropatia esteve diretamente relacionada com as maiores contagens dos linfócitos CD8+. O consumo do álcool esteve associado aos piores desempenhos nas avaliações cognitivas. Resultados das análises do período pós-tratamento: O uso do AZT se associou aos melhores desempenhos no teste de Memória Lógica. Os escores dos desempenhos na Figura Complexa de Rey tiveram correlação direta com as contagens dos linfócitos CD4+. Pacientes em atividade laborativa tiveram uma significativa melhor performance nas avaliações neuropsicológicas durante o período de acompanhamento deste estudo. A presença de neuropatia esteve diretamente relacionada com as maiores dosagens da carga viral plasmática do HIV-1 e com sintomas clínicos correlatos à infecção pelo HIV-1. A síndrome piramidal foi mais prevalente nos pacientes usuários de drogas intravenosas. Houve distinção dos fatores de influência na evolução das alterações do SNC e do SNP, nos períodos pré e pós-tratamento.

ASSUNTO(S)

manifestações neurologicas hiv (virus) determinantes (matematica)

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