Avaliação, identificação e atividade enzimática de bactérias psicotróficas presentes no leite cru refrigerado

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

O processo de conservação do leite cru em temperaturas de refrigeração por períodos prolongados pode acarretar perda de qualidade do leite e, conseqüentemente, de seus produtos derivados, fato associado ao crescimento e à atividade enzimática de bactérias psicrotróficas, as quais podem se desenvolver em temperaturas abaixo de 7C. Estes microrganismos geralmente são eliminados durante o tratamento térmico do leite, porém suas enzimas proteolíticas e lipolíticas são termoestáveis, podendo resistir até mesmo ao tratamento UAT e permanecerem ativas causando perda de qualidade dos produtos processados. Recentemente a INSTRUÇÃO NORMATIVA 51, estabelece que o leite deve ser refrigerado e armazenado na propriedade rural, o que aumentou a importância desse grupo de bactérias. Neste trabalho, foram isoladas e identificadas bactérias contaminantes de leite cru refrigerado proveniente de 20 tanques comunitários e 23 tanques individuais de propriedades leiteiras da região da Zona da Mata do Estado de Minas Gerais e sudeste do Rio de Janeiro. Diluições selecionadas foram plaqueadas em agar padrão e após incubação a 7C/10 dias, 5 colônias foram isoladas em placas contendo agar nutriente, com incubação a 21C/24 h. Os isolados foram identificados de acordo com a morfologia, coloração de Gram, produção de catalase, oxidase, metabolismo fermentativo/oxidativo, crescimento em meio Mac Conkey, reação de KOH 3%, hidrólise da arginina, motilidade, produção de H2S e indol em meio SIM e presença de esporos, e pelo Sistema API 20E, API 20NE, API Staph, API Coryne ou API 50 CH (BioMérieux). O sistema API foi repetido para 50% dos isolados para garantir a reprodutibilidade dos resultados. A identificação em nível de espécie foi considerada quando o programa APILAB indicou identidade ≥ 75%. Foram obtidos 309 isolados, sendo 250 Gram negativos e 59 Gram positivos. Os 250 isolados Gram negativos obtidos foram identificados como: Acinetobacter spp. (39), Aeromonas spp. (07), A. Hydrophila (16), A. sobria (1), A. caviae (1), Alcaligenes feacalis (1), Burkholderia cepacia (12), Chryseomonas luteola (3), Enterobacter sp. (1), Ewingella americana(6), Hafnia alvei (7), Klebsiella sp. (1), Klebsiella oxytoca (10), Yersinia spp. (2), Methylobacterium mesophilicum (1), Moraxella spp. (4), Pantoea spp. (16), Pasteurella sp. (1), Pseudomonas spp. (10), P. fluorescens (94), P. putida (3), Serratia spp. (3), Sphigomonas paucomobilis (1). Cinco isolados não puderam ser identificados por meio dos testes utilizados. Pseudomonas foi o gênero mais isolado (43%) sendo Pseudomonas fluorescens a espécie predominante (37,6%), o que corrobora dados da literatura. A produção de enzimas proteolíticas e lipolíticas foi avaliada qualitativamente pela presença de halo em torno da colônia em agar caseinato e agar tributirina durante 72 horas a 21C e 10 dias a 4C, 7C e 10oC. Do total de 250 Gram negativos, 104 foram identificados como Pseudomonas spp., das quais 60,57% apresentaram atividade proteolítica e lipolítica nas quatro temperaturas estudadas. 20% das espécies pertencentes aos gêneros: Acinetobacter, Aeromonas, Alcaligenes, Burkholderia, Chryseomonas, Methylobacterium, Moraxella, demonstraram apenas atividade lipolítica nas quatro condições estudadas. Dos 59 isolados Gram-positivas obtidos, foram identificados os seguintes gêneros: Kurthia spp (7), Levedura (1), B. stearothermophilus (1), Bacillus coagulans (1), Bacillus lentus (1), Brevibacterium spp (1), Cellum/Microbacterium (6), Staphylococcus spp (3). Trinta e sete isolados não puderam ser identificados por meio dos testes utilizados. Alguns isolados apresentaram atividade enzimática em uma ou mais das quatro temperaturas estudadas: Gram-positivos- 30,51% foram proteolíticas a 7, 10 e 21C e lipolítica a 10C; 8,47% foram proteolíticos a 7, 10 e 21C; 8,47% foram lipolítica nas quatro temperaturas estudadas; 3,38% proteolíticos só a 21C e somente um isolado tiveram atividade proteolítica a 4C e seis atividade lipolítica a esta mesma temperatura. Gram negativos - 4% foram proteolítico e lipolítico a 7, 10 e 21C; 10% proteolíticas a 10C; 4,4% lipolitico a 4, 7 e 21C; 6,4% foram proteolítico e lipolítico a 10 e 21C e também lipolítico a 4 e 7C. Estes resultados são consistentes com os de outras pesquisas, em que também foram constatados que espécies do gênero Pseudomonas representam a microbiota psicrotrófica deterioradora mais freqüente do leite refrigerado

ASSUNTO(S)

leite cru raw milk lipase protease protease psychrotrophic psicrotróficos lipase engenharia quimica

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