Avaliação dos efeitos do anticorpo monoclonal, infliximabe, na cicatrização de anastomoses colônicas. Estudo experimental em ratos.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

A cicatrização das anastomoses do tubo digestivo depende de variáveis, como técnica cirúrgica, fatores locais e sistêmicos, condições gerais do paciente e uso de agentes farmacológicos, com conseqüente variação na freqüência de deiscência das anastomoses. Drogas antiinflamatórias podem prejudicar a cicatrização das anastomoses, interferindo na etapa inflamatória da cicatrização. O objetivo deste estudo experimental foi avaliar os possíveis efeitos do infliximabe, um anticorpo monoclonal quimérico, humanomurino, com ação anti-TNF-α, no processo de cicatrização de anastomoses colônicas em ratos. Foram utilizados 60 ratos (Rattus norvergicus), distribuídos aleatoriamente em dois grupos de 30 cada. Ambos os grupos foram posteriormente randomizados em três subgrupos de dez animais, de acordo com o dia pós-operatório (DPO) de eutanásia (3, 7 ou 14). No grupo de estudo (E), foi administrado infliximabe na dose de 5 mg/kg, via subcutânea, 48 horas antes da operação e no grupo controle (C) foi administrado solução de NaCl a 0,9%, volume equivalente. Após laparotomia, os animais de ambos os grupos foram submetidos à secção do cólon e imediata anastomose término-terminal. Os animais foram reoperados no 3, 7 e 14 DPO. Realizado ressecção de um segmento colônico de 4 cm, contendo a anastomose e dividido longitudinalmente em dois segmentos semelhantes. Um dos segmentos foi ao acaso designado para teste de resistência tênsil e outro para estudo histológico e de deposição do colágeno, após processamento e coloração com hematoxilinaeosina, tricrômico de Masson e Picro-Sirius. A deposição do colágeno foi avaliada por digitalização de imagens e calculada através do software Image J. Foi coletado sangue, por punção, da veia cava inferior para quantificação do TNF-α sérico, pelo método ELISA, utilizando-se um kit específico para ratos. A concentração tecidual do TNF-α foi avaliada por imunohistoquímica. Os animais que receberam o infliximabe perderam peso nas 48 horas entre a administração da droga e a operação, enquanto que no grupo controle os animais ganharam peso no mesmo período. Houve três óbitos no grupo estudo e um no grupo controle, sem que esta diferença tenha significância estatística e que se possa relacionar com o uso do infliximabe. Todos os animais, de ambos os grupos perderam peso no pós-operatório, porém observou-se que no 14 DPO os ratos recuperaram o peso perdido. A resistência tênsil das anastomoses foi maior, estatisticamente significante, no grupo estudo, no 14 DPO, enquanto não houve diferenças significantes no 3 e 7 dias. Não houve diferenças estatisticamente significativas entre os grupos na avaliação histológica bem como na histomorfométrica. Na avaliação do TNF-α sérico por ELISA houve diferença estatisticamente significante entre os subgrupos C3 e E3 (3 DPO) e entre o grupo de referência e C3. Não houve diferença no TNF-α tecidual avaliado por imunohistoquímica. O TGF-β tecidual foi maior no subgrupo E14 quando comparado com o subgrupo C14 (14 DPO). O estudo sugere que a administração subcutânea do infliximabe foi efetiva, exeqüível e segura. Nas condições que foi realizado este estudo o infliximabe interferiu na fase inflamatória caracterizando-se por redução na concentração de colágeno e melhorou a resistência tênsil das anastomoses na fase de remodelação.

ASSUNTO(S)

infliximabe inflamação fator de necrose tumoral-x anastomoses cicatrização medicina

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