Avaliação do metabolismo de quilomícrons artificiais em pacientes obesas e não obesas, portadoras da síndrome dos ovários policísticos / Evaluation of artificial chylomicrons metabolism in obese and nonobese patients with polycystic ovary syndrome

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Este estudo teve como objetivos avaliar o metabolismo de quilomícrons utilizando a metodologia da cinética plasmática de uma emulsão de quilomícrons artificiais em pacientes com síndrome dos ovários policísticos (SOP), assim como o impacto da obesidade nesta cinética. Foram estudadas 43 mulheres adultas jovens, subdivididas em 4 grupos, sendo 8 pacientes com SOP e índice de massa corporal normal [SOP-N (IMC = 22,7 ± 1,9 Kg/m2)], e 15 com IMC >=30 kg/m2 [SOP-O (IMC = 33,8 ± 3,3 kg/m2)], pareadas com 20 mulheres controles, sendo 10 com IMC normal [Controle-N (IMC = 21 ± 1,76 kg/m2)] e 10 com IMC obeso [Controle-O (IMC = 33,7± 3,1 kg/m2)]. Quando os grupos foram comparados entre si, com relação às características antropométricas, perfil lipídico e apolipoproteínas; detectou-se diferença estatisticamente significante entre IMC (P <0,001), circunferência abdominal (CA) (P <0,001), colesterol total (P = 0,042), HDL-colesterol (P <0,001), LDL-colesterol (P = 0,009), triglicérides (TG) (P <0,001) e apolipoproteína B (P <0,001). As médias destas variáveis foram maiores nos grupos Controle- O e SOP-O, não havendo diferenças entre eles. Com relação à apolipoproteína A1 e ácidos graxos livres não houve diferença entre os grupos. A média da apolipoproteína E foi significativamente maior no grupo Controle-N, não havendo diferença ao compararmos os outros três grupos entre si. Com relação à concentração dos hormônios, as pacientes com SOP tiveram médias significativamente maiores para a testosterona total e testosterona livre (TL) (P <0,001, P = 0,001), respectivamente. O estradiol foi menor nas pacientes com SOP (P = 0,039), não havendo o impacto da obesidade nestas variáveis hormonais. A média da globulina ligadora dos esteróides (SHBG) foi significativamente maior no grupo Controle-N, não havendo diferença ao compararmos os outros três grupos entre si. Com relação ao modelo homeostático de resistência à insulina (HOMA-IR), houve um impacto significativo da obesidade e da SOP. A média do HOMA-IR foi significativamente maior nas mulheres obesas (Controle e SOP), e nas pacientes com SOP, ao compararmos com as controles pareadas para o IMC. Com relação à cinética plasmática de emulsão de quilomícrons artificiais, não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos, da taxa fracional de remoção plasmática de 3H-triglicérides (TFR-TG), que avalia indiretamente a lipólise das partículas de triglicérides dos quilomícrons pela lipase lipoprotéica. Com relação à média da taxa fracional de remoção plasmática de 14C- éster de colesterol (TFR-EC), houve diferenças estatisticamente significantes, sendo as médias das pacientes com SOP menores que as médias das mulheres controles (P = 0,004), sem impacto da obesidade nesta variável. Após a análise de regressão multivariada, não se observou influência de nenhuma das variáveis estudadas na TFR-EC das pacientes com SOP. Na análise de Correlação de Pearson, observamos nas pacientes com SOP, uma correlação direta entre IMC e TG (r = 0,480; P = 0,020), IMC e HOMA-IR (r = 0,687; P <0,001), CA e TG (r = 0,574; P = 0,004), CA e HOMA-IR (r = 0,634; P = 0,001), HDL e SHBG (r = 0,481; P = 0,020), e correlação inversa entre IMC e SHBG (r = - 0,581; P = 0,004), CA e SHBG (r = - 0,629; P = 0,001), CA e HDL (r = - 0,464; P = 0,016), SHBG e TG (r = - 0,414; P = 0,050), SHBG e HOMA-IR (r = - 0.528; P = 0,010), TL e SHBG (r = - 0.510; P = 0,013). A diminuição da recaptação de remanescentes de quilomícrons, demonstrada através da diminuição da TFR-EC, é compatível com níveis circulantes maiores destes remanescentes, assim como um tempo de permanência maior na circulação, facilitando e progredindo o processo de aterosclerose. A diminuição da TFR-EC está presente na SOP, independentemente do IMC, sendo mais um fator de risco cardiovascular nas portadoras desta síndrome.

ASSUNTO(S)

quilomícrons/metabolismo obesidade chylomicrons/metabolism obesity atherosclerosis síndrome do ovário policístico aterosclerose polycystic ovary syndrome

Documentos Relacionados