Avaliação do impacto do programa nacional de fortalecimento da agricultura familiar (PRONAF) na qualidade de vida de jovens agricultores familiares paraibanos

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

A migração em massa do homem do campo para as cidades ao longo da segunda metade do século XX, de certo modo, relaciona-se com a escassez de políticas públicas destinadas para o meio rural e o aumento de investimentos para o meio urbano, retroalimentando o ciclo vicioso do caos urbano e do pouco desenvolvimento das pequenas cidades e dos campos no interior do país. A fim de melhorar as condições de vida das famílias agricultoras e fixar os camponeses na zona rural, em 1999 foi implantado o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar PRONAF. Em 2004, novas linhas de crédito foram implantadas, dentre elas, o PRONAF jovem que é uma categoria especial para incentivar a permanência de jovens no meio rural. Destina-se aos filhos de agricultores entre 16 e 29 anos e objetiva fomentar o futuro da agricultura brasileira e combater o êxodo rural. Pretende-se neste estudo verificar o impacto deste programa sobre a qualidade de vida subjetiva (QVS) e o bem-estar subjetivo (BES) dos jovens beneficiados, comparando-os com um grupo controle natural, bem como sobre suas condições de vida e trabalho, considerando as condições edafoclimáticas a que estão submetidos. A QVS é a forma como o indivíduo avalia sua posição na vida, no seu contexto cultural e sócio-econômico e em relação a suas expectativas e objetivos. O BES refere-se à forma como as pessoas avaliam suas vidas, sendo esta composta por um conjunto de respostas emocionais, o balanço dos afetos positivos e negativos, e cognitivas acerca da satisfação com a vida do indivíduo. Participaram 400 sujeitos, dos quais 200 residem no sertão e 200 residem no brejo paraibano, distribuídos equitativamente por sexo. Utilizou-se o WHOQOL-Bref, para avaliar a QVS, a escala de satisfação com a vida e a escala de afetos, para avaliar o BES, todas adaptadas e validadas para esta população. A coleta de dados foi realizada em suas residências e locais de trabalho, obedecendo aos princípios éticos referentes à pesquisa com seres humanos. Os resultados apontam para índices satisfatórios de QVS e BES entre os jovens agricultores, porém não há impacto significativo do PRONAF sobre estes construtos. Apesar disso o programa foi avaliado positivamente tanto pelos não-beneficiados como pelos beneficiados que apontam melhoria nas condições de vida e de trabalho. Verificou-se que o PRONAF Jovem não tem atingido o público-alvo ao qual se destina nas regiões estudadas. A divulgação é realizada principalmente através dos sindicatos e associações e o acesso ao crédito foi considerado fácil pela maioria. A aplicabilidade dos recursos acontece de forma diferenciada entre os residentes na zona úmida, que investem em gado de leite, e na zona seca, que aplicam em artesanato. O pagamento do benefício foi ou está sendo efetuado sem dificuldades pela grande maioria. O impacto do PRONAF deve ser considerado, contudo este é insuficiente para garantir o cumprimento adequado dos objetivos propostos pelo programa. Apesar de exercer influência positiva sobre seu público-alvo, esta não é bastante para transformar a realidade dos jovens agricultores. Este estudo contribuiu para uma avaliação dos impactos do PRONAF, fornecendo informações que possibilitam mudanças e melhorias na aplicação dos investimentos do Estado. Além disso, promoveu reflexões sobre as reais condições em que vivem atualmente os jovens residentes no campo, além da ampliação do corpo teórico e científico para estudos sobre o ambiente rural e mais especificamente para a psicologia, com subsídios teóricos para o entendimento do ambiente e dos brasileiros que residem no meio rural.

ASSUNTO(S)

rural development psicologia social evaluation of programs desenvolvimento rural avaliação de programas crédito rural youth juventude

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