Avaliação do controle metabólico de pacientes diabéticos através do monitoramento contínuo da glicose por 72 horas : estudo comparativo com métodos bioquímicos convencionais

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

O Diabetes Mellitus é uma doença multifatorial, que exige controle metabólico para evitar o desenvolvimento de complicações crônicas, pela adoção de medidas terapêuticas específicas, visando melhorar o prognóstico da doença. O presente estudo visou avaliar os benefícios da utilização do sistema de monitoramento contínuo da glicose (CGMS) comparado com métodos convencionais de controle metabólico tais como hemoglobina glicada, glicemia capilar e venosa, lipidograma e insulinemia. Foram avaliados 55 pacientes diabéticos consecutivos, recrutados do Ambulatório de Endocrinologia do Hospital Universitário de Brasília, distribuídos em dois grupos, sendo 16,4% (9/55 pacientes) portadores de diabetes mellitus tipo 1 e 83,6% (46/55 pacientes) portadores de diabetes mellitus tipo 2. Os distúrbios do metabolismo lipídico e critérios para resistência insulínica, avaliada pela freqüência de índice HOMA-IR >2,71, foi observada em 77,8% dos pacientes diabéticos tipo 2. A hipertrigliceridemia foi observada em todos os pacientes que possuíam índice de HOMA-IR maior que 2,71. O monitoramento contínuo de glicose foi feito por 72 horas, registrou 288 medidas de glicoses intersticiais por período de 24 horas, totalizando a média de 1152 registros por paciente. Para a realização da análise de dados, foram considerados 63.360 registros da média de glicose intersticial, para o total de 55 pacientes estudados por 72 horas. Nos 55 pacientes estudados foram obtidas as médias de 11,6 2,9 leituras pareadas, com coeficiente de correlação de Pearson entre as leituras de glicose capilar realizadas no glicosímetro e as leituras de glicose intersticial realizadas pelo CGMS, r=0,86 0,14. As diferenças médias absolutas (MAD) foram calculadas e o valor obtido foi de 12,5% 7,5%, o que estabeleceu a confiabilidade na acurácia do método. A análise da amostra dos grupos estudados evidenciou que os pacientes mantiveram-se em média 32,4% do tempo acima de 180 mg/dl, 6,16% do tempo abaixo de 70 mg/dl e 61,4% do tempo em normoglicemia. Os pacientes do tipo 1 apresentaram-se com 11,7% do período com glicoses inferiores a 70 mg/dl, enquanto que no tipo 2 esse achado foi constatado em 5,1% dos casos. O CGMS evidenciou episódios de hipoglicemia que não haviam sido flagrados pelo controle de glicemia venosa ou capilar. Todavia, deve-se considerar o tempo de equilíbrio da glicose entre os compartimentos intersticial e venoso para a interpretação adequada dos resultados. A comparação entre os dados obtidos pelo CGMS e os métodos convencionais de controle da glicose, demonstrou forte correlação entre a hemoglobina glicada e o período de tempo que os pacientes permaneceram em hiperglicemia, apresentando fraca correlação com a frutosamina e a insulinemia basal. O CGMS permitiu a identificação de fenômenos fisiológicos subdiagnosticados tais como os fenômenos do alvorescer, Somogi e hipoglicemias assintomáticas. O método de monitoramento contínuo utilizado nesse estudo não permite a visualização e correção imediatas das excursões glicêmicas.

ASSUNTO(S)

ciencias da saude glicose diabetes

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