Avaliação das atividades de controle da leishmaniose visceral na Regional Noroeste de Belo Horizonte, 2006 a 2010

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

19/08/2011

RESUMO

A leishmaniose visceral tornou-se uma doença infecciosa de grande importância na atualidade. Diferentes questões têm dificultado seu controle, como o processo de urbanização e o agravamento dos casos, no que diz respeito à ocorrência de coinfecções. As medidas de controle empregadas têm, até o presente momento, apresentado resultados aquém dos esperados, possibilitando a dispersão da doença, assim como o aumento do número de casos. Considerando estas questões, este estudo teve como principal objetivo avaliar as ações de controle de LV, na Regional Noroeste (NO) de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, quanto à sua execução e impacto obtidos, no período de 2006 a 2010. Foram propostos indicadores de avaliação das diferentes estratégias do Programa de Controle da Leishmaniose Visceral (PCLV) quanto à adequação e efetividade das atividades desenvolvidas. Objetivou-se também analisar se o modelo de avaliação empregado subsidiou a avaliação formativa e somativa das diferentes fases do PCVL em região urbana. O estudo foi desenvolvido com dois delineamentos. Por meio da análise descritiva foi avaliada a adequação das atividades considerando a tendência dos indicadores de impacto. Foram utilizados dados referentes às ações de controle do reservatório e do vetor, obtidos do Sistema de Informação de Controle de Zoonoses, e de casos humanos, obtidos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Para a avaliação da efetividade, foi realizado um estudo quase experimental em três áreas, com área controle, onde o tempo de intervenção com atividades de controle foram diferenciados. Um estudo transversal, com inquérito sorológico de 1875 crianças de até oito anos de idade, residentes nas três áreas avaliou a prevalência de infecção humana e variáveis associadas à sua ocorrência. Amostras de sangue coletadas em papel filtro foram examinadas por ensaio imunoenzimático (ELISA), com antígeno bruto (AgT) de L. (L.) infantum e antígeno recombinante rK39, e pelo teste de aglutinação direta (DAT). As amostras com resultado positivo e 15% entre as negativas, selecionados aleatoriamente, foram submetidas ao diagnóstico molecular por meio da PCR quantitativa em tempo real (qPCR). Em uma segunda etapa, um ano após a primeira coleta, as crianças reativas no estudo transversal foram re-examinadas, sendo incluído nesta etapa, exame clínico com infectologista. A prevalência da infecção variou conforme a técnica diagnóstica utilizada. Considerando todas as técnicas sorológicas (DAT e ELISA AgT e rk39), 17,1% das crianças apresentaram-se reativas. Entre estas técnicas, a mais reativa e com melhor reprodutibilidade foi ELISA-rk39 com 14,9% (IC95% 13,4-16,6) de reatividade. A taxa de infecção baseada na qPCR foi de 14,7%. Não houve concordância entre as técnicasutilizadas e a prevalência final, considerando todas as crianças reativas ao menos em um teste, foi de 30,8%. Os resultados obtidos com ELISA rk39 foram utilizados na análise logística multivariada de efeito misto como marcador da infecção. Apresentaram-se associadas à infecção variáveis referentes ao imóvel: cobertura com telhado e forração sem laje completa e residir em imóveis com paredes sem reboco. As duas variáveis aumentaram a chance de infecção das crianças em 1,6 vezes cada (OR 1,6 95% 1,0-2,4) e (OR 1,6 95% 1,0-2,3), respectivamente. Residir na área com maior tempo de intervenção, desde o ano 2006, reduziu a chance de infecção em 40%, quando comparada a área controle. Os resultados dos indicadores mostraram grande evolução na adequação das atividades de controle, mas o monitoramento é importante, sendo necessária a adequação do controle vetorial, no que diz respeito, principalmente à produtividade real desta atividade e à freqüência de sua realização, conforme orientações do PCLV/MS. Houve redução da sororreatividade canina de 33,3% na área com intervenção desde o ano 2006 e de 47,7% na área com intervenção desde o ano 2008, considerando os anos 2006 e 2010. Na NO, esta redução foi de 49,5%. Não houve diferença deste indicador entre as áreas selecionadas para o estudo transversal, nos inquéritos sorológicos caninos realizados no ano 2010, o que demonstra a comparabilidade das áreas. O processo de avaliação possibilitou identificar grande discordância entre as técnicas diagnósticas utilizadas nos inquéritos caninos, o que pode ter reduzido o impacto dos resultados desta estratégia. A incidência de LVH variou de 29,0 (6 casos) por 100 mil habitantes no ano 2006 para zero no ano 2010, na área com maior tempo de intervenção. Na área onde foram iniciadas as atividades no ano 2008, variou de 8,9 (2 casos) para 4,4 por 100 mil habitantes. A área controle apresentou somente um caso durante o período. A avaliação conjunta dos indicadores demonstra efetividade das estratégias de controle, porém, há necessidade de se adequar as técnicas diagnósticas utilizadas, tanto para o controle do reservatório, quando para estudo da infecção humana.

ASSUNTO(S)

leishmaniose visceral teses. leishmaniose visceral fatores de risco belo horizonte (mg) teses. doenças sexualmente transmissiveis teses. doenças parasitárias teses.

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