Avaliação da resposta inflamatória desencadeada pelas telas de polipropileno e politetrafluoretileno expandido implantadas no espaço intraperitoneal : estudo experimental em camundongos

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

As telas de polipropileno (PP) e politetrafluoretileno expandido (PTFEe) representam os biomateriais mais comumente utilizados no reparo de hérnias da parede abdominal. O implante de próteses modifica o processo de cicatrização. Além dos mecanismos celulares, vários mediadores químicos estão envolvidos no processo de reparo tecidual. Apesar da resposta inflamatória desencadeadas pela presença de telas implantadas no espaço intraperitoneal já ter sido descrita, mediadores químicos envolvidos neste processo ainda não foram demonstrados. O objetivo do estudo foi avaliar a resposta inflamatória desencadeada pela presença destes biomateriais cirurgicamente implantados no espaço intraperitoneal de camundongos. Foram utilizados 32 camundongos isogênicos machos, distribuídos em 2 grupos: PP (implante de telas de PP) e PTFEe (implante de telas de PTFEe) e sacrificados no 5, 10, 20 e 30 dia de pós-operatório (DPO). Os fragmentos retirados foram preparados para análise histopatológica utilizando coloração Hematoxilina/Eosina e imunohistoquímica para demonstração de óxido nítrico sintase induzida (iNOS), superóxido dismutase 1 (SOD1), ciclooxigenase 2 (COX2), fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) e inteleucina 8 (IL-8). As telas de PP determinaram reação cicatricial, com total integração da tela aos tecidos adjacentes, enquanto as telas de PTFEe determinaram intensa reação tipo corpo estranho, com encapsulamento da tela pelo tecido conjuntivo e células gigantes distribuídas em torno da tela. A reação inflamatória foi mais intensa no grupo PP nos parâmetros: neoformação vascular, edema, necrose e fibrose. A migração celular de macrófagos e polimorfonucleares foi mais intensa no grupo PTFEe com 5 dias e 10 dias respectivamente, mas com 30 dias, a presença destas células foi mais intensa no grupo PP. A expressão das enzimas iNOS, SOD1, COX-2 e das citocinas TNF-α e IL-8 foi mais intensa no grupo PP em relação ao grupo PTFEe. As enzimas e citocinas estudadas estiveram presentes mesmo após 30 dias. A expressão de enzimas pró-inflamatórias no processo de cicatrização decorrente da presença de biomateriais sugere a presença de substâncias agressoras como radicais livres de oxigênio, óxido nítrico e prostaglandinas que podem estar envolvidos nas complicações relacionadas ao uso de telas. A forte presença das citocinas pró-inflamatórias (TNF-α e IL-8) com 30 dias sugere que o processo de inflamação persiste cronicamente e difere de acordo com o material implantado. Considerando os parâmetros utilizados neste estudo, a resposta inflamatória desencadeada pelas telas de polipropileno cirurgicamente implantadas no espaço intraperitoneal de camundongos foi mais intensa que as telas de politetrafluoretileno expandido.

ASSUNTO(S)

animais - experimentação abdômen polipropileno ptfee imunohistoquímica expanded polytetrafluoroethylene medicina inflamação polypropylene inflammatory response immunohistochemical histologia

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