Avaliação da posição vertical durante o trabalho de parto em nuliparas

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

O processo de humanização do nascimento traz à tona práticas atuais que necessitam ser repensadas. Um exemplo é a permanência da parturiente na posição horizontal durante o trabalho de parto, ou pelo incentivo desta posição pela equipe de saúde ou pelo não estímulo à mobilização. É de longa data a existência desta prática, sendo observada essencialmente nos países ocidentais, que a mantém apoiada em bases culturais, mas não científicas. A preocupação com o bem-estar materno-fetal leva a refletir se a mobilização e adoção de diferentes posições durante o trabalho de parto trazem benefícios para a parturiente e seu filho, seja no processo fisiológico do trabalho de parto ou nos aspectos psicológico e emocional. Objetivo: Avaliar o efeito da posição vertical em nulíparas durante a fase de dilatação do trabalho de parto, na dor e satisfação da parturiente, e sobre os resultados obstétricos e perinatais. Métodos: Inicialmente foi realizada uma revisão sistemática de todos os ensaios clínicos aleatorizados que avaliaram o efeito da posição vertical durante a fase de dilatação. Os estudos foram triados nas seguintes bases eletrônicas: MEDLINE, Popline, SciELO (Scientific Electronic Library On-line) e LILACS (Latin American and Caribbean Health Science Information). A elegibilidade e qualidade dos estudos foram avaliadas por dois revisores, independentemente, e a inclusão dos estudos deu-se mediante um consenso. Os estudos foram avaliados considerando a descrição e qualidade da alocação, a existência de vieses como o de desempenho e de seleção. A decisão pela inclusão dos dados foi baseada na similaridade entre os estudos. O segundo estudo realizado foi um ensaio clínico controlado, prospectivo e aleatorizado no Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher da Universidade Estadual de Campinas. Dele participaram 107 gestantes aleatoriamente designadas ao grupo de estudo, com 54 primíparas que receberam orientações para permanecer na posição vertical, ou ao grupo-controle, com 53 primíparas que seguiram a rotina da maternidade. Foram avaliados a duração dos períodos de dilatação e expulsivo, tipo de parto, intervenções obstétricas, satisfação e dor da parturiente, e vitalidade do feto e neonato. Resultados: Na revisão sistemática foi encontrada uma menor duração da fase de dilatação no grupo de intervenção [WMD (random) = -0,83; 95% CI -1,60, -0,06; I²=88,4%]. O tipo de parto, uso de analgésicos, indução do parto e vitalidade do recém-nascido não mostraram diferenças atribuídas à intervenção. No ensaio clínico não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos na duração da fase de dilatação, tipo de parto, uso de uterotônicos, analgésicos e episiotomia, viltalidade do feto e recém-nascido. A avaliação da dor e satisfação não foi diferente entre os grupos. No entanto, a maioria das mulheres de ambos os grupos disse preferir adotar alguma posição vertical durante o trabalho de parto. Conclusão: A posição vertical adotada durante o trabalho de parto, apesar de não interferir de forma significativa na evolução do trabalho de parto e parto, mostrou-se uma intervenção segura e bem aceita pelas parturientes, podendo ser recomendada

ASSUNTO(S)

trabalho de parto dor bem estar materno humanização do parto

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