Avaliação da ocorrência do calicivírus felino e do herpesvírus felino tipo 1 em gatos com gengivite-estomatite crônicas naturalmente infectados pelo vírus da imunodeficiência felina / Occurrence of feline calicivirus and feline herpesvirus type 1 in cats with chronic gingivitis-stomatitis and naturally infected with feline immunodeficiency virus

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

As alterações inflamatórias que afetam a cavidade oral e a gengiva dos felinos são frequentemente observadas na rotina médica e constituem verdadeiro desafio diagnóstico e terapêutico ao clínico. Denomina-se complexo gengivite-estomatitefaringite felina (CGEF) como sendo uma síndrome onde a apresentação clínica comum é a inflamação grave da gengiva e mucosa oral. A etiopatogênese desta doença não está totalmente elucidada mas acredita-se que seja multifatorial. As viroses têm sido implicadas como agentes etiológicos na patogenia da gengivite-estomatite crônica felina, entretanto, o mecanismo pelo qual as infecções virais participam no desenvolvimento da doença gengival nos animais afetados permanece indeterminado. A hipótese do presente estudo é de que a depleção imunológica induzida pelo lentivírus felino (FIV) aumenta o risco de ocorrência do FCV e do FHV-1 e da estomatite-gengivite em gatos. Para tanto, foram realizados 2 experimentos: o primeiro (A) foi delineado para avaliar a ocorrência do FCV e do FHV-1 na cavidade oral de 58 gatos naturalmente infectados pelo FIV ou não, com e sem gengivite, por meio da reação de polimerização em cadeia (PCR), assim como correlacionar esses achados com as subpopulações de linfócitos T CD4+, CD8+ e da razão CD4+:CD8+ e o segundo (B) foi desenvolvido para avaliar a correlação do FCV e das subpopulações de linfócitos T CD4+ com os diferentes graus de estomatite-gengivite em 35 gatos naturalmente infectados pelo FIV ou não, divididos em 2 grupos. No experimento A, pôde-se determinar que apenas o FCV está relacionado à inflamação gengival, sendo detectado em 88,9% dos gatos com gengivite. Além disso, a infecção pelo FIV promoveu aumento significativo do número de linfócitos T CD8+ (p=0,004) e diminuição da razão CD4+:CD8+ (p<0,001). No experimento B, identificou-se que a infecção pelo FIV está associada à ocorrência da infecção pelo FCV (p=0,011), à presença de gengivite (p=0,022) e ao grau de gengivite (p<0,001), sendo que os gatos infectados pelo FIV foram os que apresentaram graus mais graves de gengivite. Portanto, no grupo dos animais infectados pelo FIV pôde-se observar maior ocorrência do FCV e presença de gengivite. Adicionalmente, o grau de gengivite está diretamente associado à infecção pelo FCV (p<0,001), onde os animais positivos para este vírus apresentaram graus mais graves de gengivite. Pelo presente estudo, pôde-se concluir que a ocorrência da infecção pelo FCV está diretamente associada ao CGEF em felinos e que a ocorrência do FCV foi significativa em animais que apresentaram graus mais graves de gengivite. Além disso, os gatos que apresentaram graus mais graves de gengivite, foram os que apresentaram menores valores de linfócitos T CD4+ e maior ocorrência de infecção pelo FCV. Contudo, não é possível saber se a co-infecção pelo FIV e FCV foi responsável pelo agravamento da gengivite e da condição imunológica dos gatos ou se a disfunção do sistema imune causada pelo FIV predispôs a infecção pelo FCV, levando a piora das lesões orais.

ASSUNTO(S)

calicivírus felino cats feline calicivirus feline herpesvirus type 1 feline immunodeficiency gatos gengivite gingivitis herpesvírus felino tipo 1 imunodeficiência felina

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